zoom

O Dia Internacional da Mulher é hoje, mas a luta por igualdade deve ser diária


Elza Soares casou aos 12 anos, por imposição do pai, e teve o primeiro filho aos 13. A cantora se tornou um ícone do feminismo para defender, não só os seus direitos, mas de todas as mulheres

No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecido em Nova York entraram em greve reivindicando redução na carga diária de trabalho e equiparação de salário com os homens. Elas cumpriam 16 horas por dia e ganhavam cerca de um terço do que os funcionários do sexo masculino ganhavam para realizar o mesmo trabalho. Para repreender a greve, as operárias foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada: 130 mulheres morreram.

Feminismo: pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos.

A explicação, que faz parte da letra de “Flawless”, de Beyoncé, foi, primeiramente, parte do discurso de Chimamanda Ngozi Adichie. A nigeriana procurou o significado da palavra em um dicionário após uma discussão com um amigo em que foi chamada de “feminista”, como ela conta, “como se dissesse que apoiava o terrorismo”. Chimamanda tinha apenas 14 anos quando isso aconteceu e hoje, já sabendo o que quer dizer o termo, continua se declarando feminista.

Muitos homens e mulheres, em todo o mundo, ainda acreditam que o feminismo não seja uma coisa necessária. No Brasil, poucas pessoas têm coragem de levantar a voz para se autodeclarar feministas. Alguém que o faz é Elza Soares, que afirmou em entrevista para a Época Online:

“Nem todo mundo sabe o porquê desse dia. Precisamos ter consciência de que muitas mulheres morreram para que pudéssemos ficar vivas, termos liberdade de escolher e fazer o que quisermos.”

E isso não foi tarefa fácil, como ela mesma afirma:

“Me considero como sendo uma das primeiras artistas feministas do Brasil. Fui muito criticada por isso, por levantar essa bandeira, a dos gays, da negritude. Tudo isso, para muita gente não é bom. Tem que ter raça para não desistir.”

Apesar de todas as críticas, a carioca, nascida na favela Moça Bonita, em Padre Miguel, não se arrepende de nada. Elza casou aos 12 anos de idade, por imposição do pai, e foi mãe, pela primeira vez, aos 13. Por isso, afirma que faria tudo de novo:

“Se tivesse a oportunidade, sim, faria tudo de novo. Mas queria fazer com a cabeça de hoje. Seria muito melhor. Eu me doei muito para o outro. A gente é criada para ser assim, mas temos que mudar. Precisamos ser criadas para a liberdade. O mundo é grande demais para não sermos quem a gente é.”

Em entrevista para o programa “Na Lata com Antonia Fontenelle”, Elza conta como foi casar aos 12 anos, o que passava em sua cabeça na época e mais sobre sua vida:

 

E quando se escuta que muita coisa mudou e estamos quase lá, é preciso lembrar de alguns fatos, como o Oscar 2015, em que Patricia Arquette fez um discurso reivindicando a igualdade de gênero e pedindo por salários iguais entre homens e mulheres. É engraçado (para não dizer triste) pensar como, mais de 150 anos depois, o tema da luta das operárias em 1857 se repete. Ainda bem que temos Pitty para usar sua voz (e seu Twitter) e dizer que ainda falta muito:

É por Elza Soares que o dia de hoje é importante. É por Maria da Penha, que sofreu violência de seu próprio marido e hoje dá nome à lei, que o dia de hoje é importante. É por todas as mulheres que já sofreram e ainda sofrem, das mais diversas formas, com a cultura do machismo, que, não só o Dia Internacional da Mulher, mas todos os dias são fundamentais para reforçar o quanto a igualdade de gêneros é importante. E hoje é apenas mais um dia nessa luta.

Assista aqui ao discurso completo de Chimamanda Ngozi Adichie, que inspirou Beyoncé e muitas outras mulheres:

 

Por Isadora Ancora


Deixe seu comentário


Envie sua matéria


Anexar imagem de destaque