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“O Lar das Crianças Peculiares”: Tim Burton comenta a falta de diversidade em seu mais novo filme


“O Lar das Crianças Peculiares” estreou nos cinemas no dia 29 de setembro.

Mais do que nunca, estamos vendo cada vez mais artistas, público e mídia, pedindo uma variedade maior de vozes e rostos nos produtos de entretenimento que consumimos. Afinal de contas, diversidade será sempre algo positivo.

É por isso que o site Bustle resolveu chamar a atenção do diretor Tim Burton para o elenco de seu mais novo filme, “O Lar das Crianças Peculiares”.  Entre os atores escalados, há apenas um negro, Samuel L. Jackson, que também se tornou o primeiro negro em um papel de destaque entre as obras do cineasta americano. Todos os outros atores da produção, que estreou no último dia 29, são brancos.

Quando perguntado sobre o tema, Tim Burton deu uma resposta vaga, para dizer o mínimo. “Fala-se muito sobre isso hoje em dia. Mas ou as coisas acontecem, ou não acontecem”, começou. “Eu me lembro de quando era criança e assista ‘A Família Sol, Lá, Si, Dó’, e eles começaram a ficar muito politicamente corretos. Tipo: ‘vamos colocar uma criança asiática e uma negra’. Eu costumava ficar muito ofendido com isso, mais do que… Eu cresci assistindo filmes de blaxploitation, sabe? E eu dizia: ‘isso é ótimo’. Eu não pensava que deveriam ter mais pessoas brancas nesses filmes”.

Vamos por partes. Primeiramente, o termo utilizado pelo diretor, blaxploitation, não é muito conhecido, mas explico. Ele diz respeito a um movimento no cinema americano, que começou na década de 70, cujas obras eram protagonizadas por negros, os quais também trabalhavam atrás das câmeras. Os filmes traziam pessoas negras numa gama de papéis e situações. E embora a representação desses indivíduos era grande, ainda debate-se a conformidade com estereótipos em torno da população negra.

Ainda assim, já que a indústria cinematográfica não dava espaço para que esses artistas pudessem construir suas carreiras, eles se uniram para bater de frente com um sistema de exclusão.

Ou seja, Hollywood nunca foi – e ainda não é – um exemplo de inclusão de qualquer minoria, seja de gênero, racial ou sexual. Hoje, por exemplo, as minorias étnicas compõe 26,3% dos personagens com alguma fala nos filmes. Isso não significa apenas que negros, asiáticos, latinos e outras minorias não estão se vendo, mas que essas pessoas também não estão trabalhando nessa área. Como alcançaremos a igualdade se continuamos negando oportunidades a quem precisa delas?

Portanto, é triste que um grande diretor como Tim Burton ainda seja resistente à pluralidade de perspectivas e vozes. De qualquer forma, vamos continuar pedindo mais diversidade, até que ela deixe de ser apenas um discurso e se torne prática.

Enquanto isso, Samuel L. Jackson, uma das estrelas de “O Lar das Crianças Peculiares”, contou ao Bustle que percebeu a falta de diversidade no filme, mas isso não o impediu de pegar o projeto.

“Eu tive que lembrar quantos personagens negros estiveram em filmes do Tim Burton”, disse o ator. “E talvez eu seja o primeiro, não sei, ou talvez o mais proeminente de alguma maneira. Mas as coisas acontecem assim. Eu não acho que seja um problema, ou dele, ou da forma como ele conta histórias. Foi como aconteceu. Tim é um cara ótimo”.

*Por Artur Francischi do Prosa Livre


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