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Resenha: Emocionante e divertido, “Mulher Maravilha” é um filme à altura da personagem


Mulher Maravilha” não é só um excelente filme. É também uma demonstração de que o mundo dos super-heróis não depende só de homens, assim como na vida real o sexo feminino não precisa da validação dos homens para serem aquilo que elas querem ser, fazer o que elas querem fazer.

Crítica no cinema é uma coisa muito complicada. Muitas vezes, quando se vê um longa pela primeira vez, é possível adorá-lo, elogiá-lo e gritar para todo mundo que ele é ótimo. Porém, ao vê-lo pela segunda vez, se encontra erros, falhas, buracos no roteiro… E aquela primeira impressão muda, e muda para pior.

Isso aconteceu muito quando Batman vs Superman – A Origem da Justiça foi lançado no ano passado, e na maioria dos filmes produzidos pela parceria Warner Bros/DC até aqui (menos a trilogia do Batman dirigida pelo Christopher Nolan). Isso fez com que se desconfiasse sempre de um “filme de super-herói” com a chancela do lendário estúdio: é inevitável o receio de que a obra não sobreviva a uma segunda avaliação.

Tudo isso foi dito porque ao terminar a sessão de “Mulher Maravilha“, o público presente – a maioria composta por formadores de opinião, críticos profissionais e outros experts da área – aplaudiu o filme que tinham acabado de ver, e isso é bem raro. Então, sem qualquer receio, é possível dizer que FINALMENTE a Warner/DC acertou numa adaptação e que o filme é sensacional.

Tecnicamente impecável

É legal ver os executivos da Warner que tomam conta do Universo Expandido da DC abandonaram a ideia de que “um filme escuro traz seriedade, imprime realidade”.

Em “Batman vs Superman” quase não dava para ver as batalhas – já em “Mulher Maravilha” a fotografia de Matthew Jensen deixa tudo muito bem iluminado, em imagens muito bem estruturadas. Assim como a equipe de direção de arte capricha na reconstrução de época, já que o filme se passa durante a Segunda Guerra Mundial (entre parênteses aqui, os cenários e efeitos empregados aqui são melhores até do que “Capitão América: O Primeiro Vingador, que se passa no mesmo período da História). De forma geral, o filme está redondo: edição, trilha sonora, efeitos… tudo fica ainda mais impressionante se visto em 3D. E ao fim, “To Be Human“, canção escrita por Florence Welch e interpretada pela Sia, fecha a produção com glória, acentuando a catarse da última parte do filme. Ou seja: tudo servindo ao propósito da enredo que se quer contar.

E que enredo! A trama, que devia ser algo simples por se tratar de uma história de origem, cresce nas mãos de Connie Nielsen e Robin Wright, que dominam a primeira parte interpretando a Rainha Amazona e sua irmã, a melhor guerreira da história de Themycira, o reino onde existem apenas mulheres escondido pelos deuses em algum ponto do planeta. São interpretações seguras, fortes na medida, e que passam enorme credibilidade para a história de aprendizado de Diana, a princesa do reino que precisa ir a “terra dos homens” para ajudá-los a parar a guerra depois que um espião perseguido pelo exército alemão cai em Themycira.

Gadot, mais uma vez, salva o filme

Nesse ponto, é importante destacar que o filme só funciona por causa de Gal Gadot e Chris Pine. Ela, com seu carisma natural, é forte candidata a musa hollywoodiana. Fica plenamente justificado porque ela salvou Batman e Superman do desastre total em sua aparição no crossover dos dois. Além disso, é uma excelente atriz, tanto nas cenas dramáticas quanto nas mais engraçadas. É muito provável que ela vai “colar” nessa personagem, assim como Robert Downey Jr. fez com o Homem de Ferro. Pine também brilha – ele, um ator reconhecidamente limitado que tem aqui um dos melhores resultados de sua carreira, empregando charme e humor ao seu personagem.

Mas “Mulher Maravilha” é menos sobre uma amazona que sai de seu reino para ajudar uma humanidade doente, e mais sobre o empoderamento feminino. Do começo ao fim, Patty Jenkins – que já havia dirigido outro filme forte sobre mulheres, “Monster“, que deu Oscar para Charlize Theron – imprime nas imagens e nas falas dos atores o quanto as mulheres não dependem do homem para viverem suas vidas. Prova disso é um diálogo entre ela e uma outra personagem, que se identifica como “secretária”: faz o que seu chefe pede, vai onde ele pede, no momento em que ele pede, no que Diana responde “Na minha terra, isso se chama escravidão“. Mais explícito que isso, impossível.

Todo poder às mulheres!

Portanto, “Mulher Maravilha” não é só um excelente filme. É também uma demonstração de que o mundo dos super-heróis não depende só de homens, assim como na vida real o sexo feminino não precisa da validação dos homens para serem aquilo que elas querem ser, fazer o que elas querem fazer. Muitas vezes durante o longa, diante da incapacidade de seus companheiros machos de resolverem problemas, a Princesa Diana toma a dianteira e liquida os obstáculos com louvor. E como um espelho fora das telas, é sintomático que depois de tantos fracassos e péssimos filmes, uma mulher tenha corrigido os rumos e botado ordem nas histórias da DC Comics no cinema e produzido o melhor filme da franquia até agora.


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