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Pabllo Vittar é a diva LGBTQ que era esperada desde sempre?


Phabullo Rodrigues da Silva, mais conhecido como Pabllo Vittar, é uma drag queen natural de São Luiz do Maranhão, que vem desde de seu EP de estreia, em 2015, ganhando o público LGBTQ e todo o Brasil também

Sim, o título é uma pergunta mesmo. Não, eu não tenho dúvidas, mas esse texto é para trazer fatos e, se você ainda não está convencido, pretendemos mudar isso até o fim deste texto.

Phabullo Rodrigues da Silva, mais conhecido como Pabllo Vittar, é uma drag queen natural de São Luiz do Maranhão, que vem desde de seu EP de estreia, em 2015, ganhando o público LGBT e todo o Brasil também, principalmente depois de seu hit indiscutível do carnaval, ‘Todo Dia’.

Em pouco tempo de carreira, pouco mais de 2 anos, Vittar vem ganhando rapidamente a atenção não só nacional, mas também do mundo. Com um debut internacional bem sucedido com o grupo Major Lazer, em ‘Sua Cara’, que ainda conta com Anitta, Pabllo tem tudo para ser grande em todos os cantos.

Ok. Isso quase todo mundo sabe. Mas entendido a pessoa aqui destacada, vamos ao assunto: Pabllo Vittar é a diva LGBTQ que era esperada desde sempre?

História LGBT

Vamos pensar historicamente. Na linha do tempo da luta LGBTQ, algumas figuras femininas midiáticas tiveram papel importantíssimo no apoio pelos direitos dos gays e contra homofobia. Entre elas, Madonna e Lady GaGa. Em suas músicas e projetos, essas mulheres pregavam a liberdade de ser o que se é, dando força à classe LGBTQ, e recebendo títulos como ‘divas das gays’.

O documentário “Strike a Pose”, mostra depois de 25 anos os dançarinos da turnê “Blond Ambition World Tour” da Madonna; na época de grande sucesso da mesma, pouco depois de lançar hits como ‘Like a Prayer’, ‘Express Yourself’ e ‘Vogue’. No longa documental, são destacados alguns dos performers gays que ela escalou para os shows, a importância do apoio dela, mas também o uso de elementos da cultura gay e de uma certa apropriação. NÃO, não estou demonizando a Madonna, pelo contrário; visto aquela época, se era difícil uma mulher branca ter atenção, imagina um homossexual negro, por exemplo? Apropriando-se ou não, ela espalhou uma mensagem de libertação, inspirando para muitos gays da época. Ela deu voz pra quem de verdade não tinha voz e a comunidade será sempre muito grata por isso.

Mas o tempo passou, amigos. Estamos em uma geração diferente. E mesmo ainda sofrendo com homofobia e discriminação todos os dias, temos uma geração mais livre e mais consciente (sim, gracas a essas mulheres brancas e heterossexuais). Visto isso, não acham que chegou o momento da diva gay, ser gay? Ser drag, ser afeminada mesmo?

Representatividade

Preciso destacar algo muito falado, mas pouco pensado nesses momentos: REPRESENTATIVIDADE. Assim como ter um branco como locutor do racismo, ou um homem como representante do feminismo, ter uma mulher heterossexual como a voz da classe LGBTQ em pleno 2017, pode soar como hipocrisia. Claro que o apoio sempre será bem vindo, a ideia de que o amor não tem barreiras e que todos temos o direito de amar, deve ser disseminado sempre e por todos. Mas quem luta por isso, deeve ser alguém que entende de fato o que significa ser gay.

Pabllo Vittar sofre na pele, e ela sim tem base para representar. Ele passa, ela sofre, ele ouve, e tudo que ecoa ou ecoou nela, é sentimento compartilhado de quase todo o gay. Entrevistada pela revista Trip, Vittar contou sobre uma ocasião, onde um aluno da escola em que estudava jogou um prato de sopa quente nele, pois Pabllo estava conversando com sua amiga, estava sendo afeminado (coisa que não estava errado em nada), e seu “colega” achava que ele deveria falar como “homem”. Agressão é o nome disso, viu?

Quando ela contou isso, me lembrei na hora de alguns acontecimentos na minha escola. Uma vez, cuspiram em mim, bem forte, muito mesmo, foi um dos momentos mais humilhantes da minha vida. Chorei, muito, me limpei sozinho e sem ajuda de colegas ou professores. Afinal, aquilo veio logo depois de ter sido seguido até em casa com “colegas” jogando pedra em mim e mandando eu virar “homem”, e depois de um outro “colega” bater em mim em frente a professora e não acontecer nada, apenas ouvir ela cochichando para a outra professora, “olha o jeitinho dele, todo cheio de frescurinha”.

Agora, quem pode me representar mesmo? Nossas histórias batem, e sinto que ela chorou como eu, sofreu como eu, e ela sim pode ser midiaticamente voz desta causa.  Claro,  não apenas ela. Gloria Groove, Jaloo, Lia Clark, Lin da Quebrada, Rico Dalassam, figuras essas, todas do universo LGBT, que possuem voz e podem gritar isso para todos os cantos. Meu destaque vem de Pabllo, pois a notoriedade dela, dentro e fora do Brasil, mostra potencialidade de diva mesmo, podendo chegar longe e levar essa mensagem mais longe ainda.

Pessoas, quem vocês chamam de diva da sua vida ou quaisquer outros títulos, está apenas e somente nas suas mãos. Se Lady Gaga, Cher, Madonna, são suas divas, seja feliz, ouça, cante, grite essas obras de arte (não vai deixar de ouvir ‘Born This Way’ não, viu?). Este texto vem simplesmente para pontuar a importância de darmos atenção, estímulo e até títulos para quem usa sua cara pra tapa mesmo, e pode levar essa mensagem de liberdade para quem precisa, tendo propriedade e vivencia para tal. Por favor, tragam uma coroa, para por na coroa dessa diva do pop, diva das gay, diva da p**** toda.

Por Victor do Maze


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