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Alguns mistérios de Letícia Lima finalmente desvendados!


Quem é Letícia Lima, a Musa do Bloco da Preta, do Porta dos Fundos, do Morro da Macaca e de onde passar?

Letícia Lima é pop, se duvidar, tem mais “likes” e visualizações que a Rihanna e a Lady Gaga juntas. Ela não gravou nenhum clipe, não precisou de figurinos espalhafatosos e desde que colocou sua cara de menina “comum” e sexy na internet como “Amanda”, do canal “Anões em Chamas”, e depois estrelou vídeos “virais” do coletivo de humor “Porta dos Fundos”, nunca mais saiu das nossas vidas e, pelo visto, tão cedo, não sairá.

Agora ela é Alisson, essa glutona, gostosa e funkeira “mandada” de “A Regra do Jogo”, mas nesse Carnaval ela desempenhará seu papel mais desafiador: o de ser “musa” do “Bloco da Preta”. Mas quem é essa garota sagaz de Três Rios, que não se achava bonita, não tinha qualquer perspectiva de mudar do interior fluminense e chegou até aqui com o cabelo virgem e sem fazer alarde? Não temos a intenção de decifrá-la, missão quase impossível, mas tiramos aqui um “Raio-X” sincero e sem filtro, vale avisar.

Letícia Lima é capa da Revista Trip da edição de janeiro de 2016
Letícia Lima é capa da Revista Trip da edição de janeiro de 2016

Você queria ser o quê quando crescesse? Lembra dessa pergunta e o que pensava e dizia?

Eu queria ser “tudo” quando eu crescesse. Quando eu era pequena, eu respondia várias vezes “Tudo! Eu quero ser várias coisas!”, porque eu já quis ser de dentista a astronauta. Então, acho que tem uma lacuna bem abrangente aí, de verdade. Eu sempre me envolvi e sempre gostei de atividades artísticas, mas eu amo outras atividades também. E isso até hoje, eu amo gastronomia, arquitetura… E até me arrisco um pouco nos dois. Desde criança, eu queria ser muitas coisas, sempre fui aquela criança muito ansiosa, muito afobada. E não é que eu mudava a profissão, como se um dia eu quisesse ser isso e depois mudava de ideia, não… Eu queria ter várias profissões ao mesmo tempo, eu queria cada dia trabalhar com uma profissão. Eu lembro de pequenininha falar isso.

Como foi sua infância em Três Rios, eram muitos irmãos? Fazia a linha “bonequinha mimada” ou era mais “espoleta”, moleque?

Eu tive em Três Rios uma infância muito livre, uma infância de brincar na rua. A maior parte da minha infância eu passei no BNH, que é um conjunto habitacional de lá: são vários prédios, com um grande pátio no meio e uma praça, um parquinho. Então, podíamos ficar bem livres, com as mães vigiando a gente da janela. Eu morava no bloco 2, lá na ponta do pátio, e a janela de casa dava para frente. Minha mãe pedia para eu brincar aonde a visão dela alcançava, para não ir muito longe, para ela poder me ver quando ela quisesse. E eu tive uma infância muito livre nesse sentido. Eu e as amiguinhas dormíamos sempre umas na casa das outras, a gente montava casinha no pátio, casinha com cabaninha mesmo.. Eu me lembro muito dessas cabaninhas. Quase todas as meninas tinham uma cabaninha, então eram mais de 10 cabaninhas espalhadas pelo pátio.

E aí eu também tinha meus avós, que moravam relativamente perto. E moravam em casa, então tinha mato, tinha a horta do meu avô… Era uma casa bem grande, toda de térreo, com uma laje. Tinha a sapataria do meu avô, que era perto da casa dele. E eu passei minha infância na terra, no mato. Meu avô é um homem da roça, então essa parte da natureza é muito presente na minha vida. Eu lembro da gente passear muito, a gente sair para as fazendas próximas da região, tinham alguns sítios e a gente ia sempre passear e fazer caminhada, eu e meu avô, nos sábados e finais de semana.

Leticia Lima - criança
Letícia Lima (Crédito: Divulgação)

Você era filha única?

Hoje, sou filha única, mas eu tive um irmão que faleceu quando eu era criança e é um assunto super delicado, que eu realmente evito falar. Acho que eu falei pela primeira vez em uma entrevista nessa semana; eu evito falar por conta da dor da minha família, por respeito a eles. É um assunto difícil para eles lerem em uma matéria, mas eu tive um irmão e ele morreu com 7 anos, o nome dele era Lucas. Eu tinha cinco na época e eu cresci como filha única, mas nunca fui muito mimada, não. Na verdade, eu era uma mistura de muito “espoleta”. Não chegava a ser moleque, porque eu era muito feminina, muito menininha, mas muito “espoleta”, então eu era aquela coisa meiga e safada. Rs.. Eu era super meiga e delicada, mas eu era muito agitada.

Então, eu não aprontava muitas coisas, mas eu queria fazer várias coisas ao mesmo tempo, eu saía para brincar fora de casa todos os dias; eu não era uma criança muito quietinha. O único momento que eu conseguira ficar bem quietinha era quando eu estava desenhando. O meu avô fez para mim, quando eu era bem pequenininha, devia ter uns 5 anos, para fazer o dever de casa, ele fez uma mesinha de madeira e uma cadeira de palha, de vime, então eu tinha essa cadeirinha, com uma almofadinha. Era a paixão da minha vida e a minha mãe montava na sala para eu poder fazer dever de casa e desenhar, depois ela ficava no meu quarto; era a única hora que eu ficava quietinha. Fora isso, eu montava a casinha da barbie pela casa inteira com alguma amiguinha minha. Foi realmente uma infância super livre e super legal.

Como e quando apareceu em você a semente da Letícia que virou atriz, comediante que conhecemos hoje?

Essa sementinha de ser atriz, eu acho que não me dou conta direito de quando foi que aconteceu de fato, porque foi desde bem pequena. Eu fiz minha apresentação na escola com 5, 6 anos, eu entendi que eu gostei muito daquilo porque eu fiz as pessoas rirem.

Adivinha quem seria a zebra?
Adivinha quem seria a zebra?

As pessoas riram comigo pela primeira vez numa apresentação na escola quando eu não podia falar nada. A tia explicou que ia ter um narrador contando a história, tinha um palco, eu tive um ensaio e eu segui a narração daquela história. Então, eu era uma menina que acordava, que trocava de roupa para ir para o colégio, não era mais ninguém no palco, era eu sozinha fazendo a narração dessa apresentação de teatro, que também não foi muito longa, devia ter uns 20 minutos. Mas por eu ser tão pequena e fazer isso no palco, a professora me escolheu porque eu era a mais espontânea e que ia fazer isso com muita graciosidade. Só que eu sabia que não ia poder falar nada e eu era muito faladeira (o único trabalho que eu dava na escola era falar o tempo inteiro na aula). Então, a tia teve que falar muito que eu não ia poder falar nada, só tinha que fazer as ações. Só que em determinado momento, a pessoa que tava narrando no microfone, alto para todo mundo, correu um pouco com a narração e não deu tempo deu fazer a ação, então era um momento que eu tinha que trocar de roupa: eu tirava meu pijaminha e colocava meu uniforme do colégio. Nessa hora que o narrador correu e eu ainda não tava pronta, eu muito pequenininha, parei tudo e falei: “Peraí! Gente, eu sei que eu não posso falar, mas acontece que a minha saia agarrou e eu ainda não estou pronta”.

Então, eu ter falado numa apresentação que não podia, muito pequenininha e dessa maneira espontânea, fez todo mundo rir, porque, claro né, era criança falando fofurice. E eu lembro de ter gostado dessa sensação de fazer as pessoas rirem, eu acho que eu recebia de volta essa alegria. Eu tinha um retorno muito agradável, muito prazeroso quando eu fazia alguma coisa engraçada, então foi desde aí, acho que foi desde sempre que eu aprendi a ser engraçada, para ter essa reação das pessoas, ter essa alegria de volta. Aí, minha mãe me colocou no teatro, na adolescência eu também fazia teatro na cidade, teatro amador.

Eu não sou necessariamente uma atriz comediante, humorista, eu sou uma atriz que faz humor, mas eu faço os outros gêneros também. Na verdade, nem sempre eu fiz humor, o público me conhece como humor por causa do”Anões em Chamas”, por causa do Porta dos fundos, da novela agora e porque pessoalmente eu tenho esse jeito engraçado, mas eu fiz muito Nelson Rodrigues, eu fiz muito drama. Tenho vontade, inclusive, de voltar a fazer, fazer uma minissérie, uma coisa dramática, para mim ia ser incrível. Eu sou apaixonada por tragédias clássicas, tragédias de época, eu sou louca por esse universo, gostaria muito de fazer algum trabalho assim.

Existia em você algum traço de vaidade, daquelas que faziam o espelho de amigo e cúmplice?

Eu sou uma vaidosa esquisita, porque tem dias que eu estou super vaidosa, que eu me olho no espelho, passo um corretivo, me maquio, me arrumo para sair. E tem muitos dias que eu não faço absolutamente nada, eu só prendo o cabelo para cima; porque meu cabelo é muito grande e faz muito calor. Então, no meu dia-a-dia eu uso meu cabelo preso para cima, eu não uso nem protetor solar, sou super displicente, eu saio assim e não coloco nem um óculos de sol. Não é que eu esteja me achando linda, mas é que para mim ok, eu não sou escrava da aparência, da vaidade, mesmo!

Mas eu tenho procurado cuidar um pouco mais disso, procurado sempre que eu estou em público estar um pouco mais arrumada, estar com o cabelo bonito. E tem dias que eu me monto inteira, eu passo horas me maquiando, eu adoro, eu tenho muitos produtos, eu tenho muitas coisas, eu adoro consumir produto de beleza, então tem épocas que eu estou super disciplinada, eu passo creme à noite, eu me cuido, eu faço mil rituais, e tem épocas que eu não estou fazendo absolutamente nada. E acho que isso se resume a ser geminiana, não necessariamente eu sou muito vaidosa ou não, porque isso oscila muito, no meu dia-a-dia eu gosto de estar só com protetor solar e cabelo preso e acabou, e se eu tiver algum compromisso de trabalho, aí eu gosto de me maquiar e de me arrumar.

Letícia Lima "musando" no Beach Park, em Fortaleza
Letícia Lima “musando” no Beach Park, em Fortaleza

Tinha consciência da mulher sensual que acabou se transformando e dando vida a personagens com pegada sexy como diversos no Porta e a Alisson ou foi meio que patinho feio que, quando se tocou, percebeu que tinha essa “arma” potente?

Na minha época de criança, adolescente, eu não fui uma criança bonita, eu não era popular por ser bonita, eu não era a bonita da turma. Eu era, na verdade, a extrovertida, a irreverente e a do teatro. Então, eu era muito popular por isso.  Tudo no meu colégio, qualquer coisa que eu me envolvesse, todo mundo me queria por conta disso: “Ah vai ter Olimpíadas, queremos fazer as camisetas. Letícia, consegue patrocínio”. Então, eu ia nos clientes, eu ia nos patrocinadores da cidade, com um jeito bem extrovertido e irreverente, para conseguir patrocínio para as camisetas das Olimpíadas. A mesma coisa com a feira de ciências, com o grêmio estudantil, com tudo.

Eu era popular por conta disso. Eu não me considerava popular por ser bonita, não era um foco meu. Inclusive, no colégio, eu era aquela que vivia de cabelo preso, não ia maquiada, não ia de gatinha, porque não era meu foco. E eu era super CDF, eu era a primeira aluna da turma, tirava 10 em tudo, eu era chata nesse sentido. Todo mundo falava: “Cara, a Letícia conversa a aula inteira, mas na hora da prova ela tira 10”. Porque era isso, eu era uma mistura. Tinha semanas que eu passava assistindo a aula da carteira da frente e semanas que eu passava na turma do fundão, eu oscilava entre os dois lugares. Mas sempre muito atenta às matérias que eu amava, então eu conversava a aula inteira, eu era muito inquieta, mas na hora da prova, eu me dava muito bem. Então, até a oitava série eu tirava 10 em tudo, eu lembro que a gente tinha uma professora de português, que todo semestre o aluno que tirasse a nota mais alta, ela dava um livro de presente. E eu lembro que durante alguns anos, da quinta a sétima série, sei lá, eu ganhei todos os livros de todos os semestres, era uma coisa chata até… Os coleguinhas falavam: “Ai que saco. É sempre a Letícia que ganha o livro”. Mas eu misturava esses dois mundos.

Lá para a oitava série, eu fui descobrindo que eu já tinha um corpo mais de mulher, eu tinha o peito e o bumbum grandes. Então, sempre fui muito magricelinha, sempre fui muito magrinha, mas com peito e com bunda. Aí sim que eu passei a chamar atenção dos meninos, digamos, e aí eu passei a cuidar mais do cabelo, usar o cabelo solto…

Eu passei a ter vaidade quando eu ganhei mais corpo e aí já no primeiro, segundo e terceiro ano, que é a fase que eu era mais adolescente, eu já me comportava mais como mulher. Eu já tinha uma vaidade, eu já chamava atenção por causa disso e misturou a personalidade do teatro, de ser irreverente, CDF, com me sentir um pouco mais bonita, mas ainda assim, eu nunca fui a referência de beleza da escola.

Mas eu não era “A” gata da escola. E quando eu vim para o Rio de Janeiro, com 18 anos, comecei a trabalhar com internet e meu grupo de pessoas mudou completamente, eu fui vendo que as pessoas me consideravam bonita e eu comecei a achar isso muito louco, porque eu não me considerava e nem na minha cidade eu era considerada. Então, achei muito louco e demorou um pouco para eu ver que eu tinha uma beleza e as pessoas não estavam só me elogiando do tipo “ah, ela é bonitinha e tal”. E aí eu caí de pau na vaidade, passei a me cuidar mesmo, consegui me mostrar mais bonita para o mundo: a estar sempre arrumada, o cabelo, em me maquiar, e sempre essa coisa muito verão, então, sempre gostei de estar bronzeada. Mas isso foi uma transição meio orgânica, não foi nada que eu levei um susto. Foi muito natural, as pessoas começaram a me achar bonita, eu comecei a ganhar papel de bonita e ok. Foi super natural para mim, eu fiquei feliz, óbvio, eu falei: “Pô, que bom, agora também tenho esse lado para explorar”, digamos assim.

Leticia Lima - Alisson
Letícia Lima é a “mandada” Alisson em “A Regra do Jogo”

Daria para resumir a viagem entre se relacionar com a arte de atuar até parar no Porta, no cinema e na tv?

É uma viagem mesmo, porque são veículos tão diferentes. A coisa básica é o tempo de cada veículo e a estrutura de cada personagem. No cinema, você sabe quantas diárias você vai ter, mesmo que mude um pouquinho, e você tem o seu personagem do começo ao fim, você sabe o que acontece na trajetória da vida daquele personagem naquele espaço de tempo, então você constrói o seu personagem sabendo o que acontece com ele no final.

Na internet, também tem isso, mas eles são muito curtos, eles duram dois minutos e morrem, acabou. São esquetes curtíssimas, então fica um pouco mais raso no sentido do tempo, não necessariamente da profundidade do personagem, porque em dois minutos, três minutos, às vezes você tem que passar exatamente o que aquele personagem quer e diz a que veio. É uma esquete de humor, mas os personagens são muito bem definidos, até porque dura só dois minutos e não pode ficar uma coisa bamba, porque fica perdido pro público e a esquete para de fazer sentido.

Na televisão, você tem um personagem gigante, maior que no cinema, o personagem dura quase um ano contando a preparação e a novela no ar, só que é um personagem que você não sabe o que acontece com ele a cada dia, eu descubro a cada semana o que está acontecendo com o personagem. Os roteiros são liberados de semana em semana, então eu não sei no primeiro capítulo o que acontece nem na semana seguinte, muito menos no meio da novela ou no último capítulo, você não tem a trajetória, você vai construindo passo a passo. E o autor vai construindo isso com você, conforme, inclusive, com o que ele está assistindo. Eu acho isso muito interessante, muito curioso, ele tem na cabeça dele o que ele quer para você, mas ele não passa isso para você, você não sabe, você vai sabendo aos poucos. E é delicioso experimentar os três veículos.

Eu sou apaixonada por cinema, eu me apaixonei pela internet, eu adoro a velocidade, como as coisas surgem e acontecem, eu adoro a mudança, eu sou uma pessoa de muita mudança, eu gosto de coisas que mudam o tempo todo, eu sou super adaptável, eu consigo me adaptar a situações muito bem, é uma característica minha e eu amo isso na internet. E eu estou amando a televisão, até por conta dessa curiosidade, que é uma coisa muito característica minha, então eu não sei o que eu vou fazer na semana seguinte, eu fico às vezes aflita do tipo de que rumo que isso vai tomar, mas ao mesmo tempo é gostoso ir sabendo aos poucos, já que a novela dura tantos meses. E quero muito voltar a fazer cinema, fazer projetos legais de cinema. Enfim, é uma mistura de tudo, eu gostaria de fazer os três sempre na minha vida, nunca fazer um só e deixar de fazer os outros.

Tinha alguma “mini certeza” que um dia chegaria a ser popular, capa de revista, estrela da internet e da tv?

“Mini certeza” eu achei ótimo. É claro, que em uma escala muito menor, eu sempre tive uma facilidade de atingir as pessoas, então mesmo sendo “mini popular” na minha cidade e entre as pessoas que eu convivo e dos grupos que eu fiz parte, do Porta dos Fundos e tudo, eu tenho uma coisa que me aproxima muito das pessoas e nem sempre é por ser engraçada. Eu acho que é uma coisa do jeito, para começar, eu sou muito “povão”, muito pé no chão, eu sou muito acessível, eu acho.

Se a pessoa chega para mim e me aborda de determinada maneira e aquilo é minimamente interessante para mim, eu dou trela, eu dou conversa. Ao mesmo tempo, se não for, eu até saio dali, mas eu sou muito observadora, eu gosto muito de observar principalmente a reação das pessoas. Então, mini certeza de que eu ia chegar a ser super popular no país inteiro, claro que não, eu inclusive tenho baixa auto-estima para caramba, eu super disfarço minha baixa auto-estima com a minha aparência, eu me arrumo toda e sou super irreverente porque às vezes eu estou com a auto-estima muito baixa. Então, tem isso também, não achei que eu fosse chegar a ser tão popular, mas no fundo no fundo, eu consigo ser um pouco popular no meio onde eu transito. Então, tem uma misturinha das duas coisas.

Ficou à vontade com o fato do humor do Porta dos fundos ter sido sua porta de entrada na carreira de atriz?

Em relação ao Porta, é mais do que ficar à vontade. No começo, era só eu e o diretor, a gente fazia um outro canal que é o “Anões em Chamas” e ele culminou no Porta dos Fundos, inclusive, antes da entrada dos outros sócios. Então foi uma coisa que nós fundamos, nós criamos. Essa linguagem, essa maneira de fazer esse humor mais ácido. E a gente se uniu a atores e pessoas que tinham esse mesmo tom, na verdade. Então, é mais do que ficar à vontade, é uma essência minha, é uma característica muito forte. Eu tenho muito orgulho do Porta, muito orgulho de ter feito parte de tudo, de tudo que o Porta é hoje.

Qual a sua primeira providência enquanto musa da corte da Preta Gil? Ficaria confortável em ser musa inspiradora de uma obra de arte, pintura, livre ou canção?

Nossa! Eu acho uma honra e chiquérrimo mesmo essa coisa de “Musa Inspiradora”, para começar. Porque é bom você inspirar coisas boas nas pessoas. Só de serem coisas boas e que resulte em arte, já é incrível. O Bloco da Preta para mim é arte pura, é música, é Carnaval, as pessoas estão indo lá para se divertir. Isso é essência só de coisa boa, é só energia boa fluindo para gente que está fazendo, para quem está se divertindo, e olha o tanto que essa energia se propaga, uma energia das pessoas se divertindo com você, com aquela energia toda que a Preta tem. É uma multidão, acho que isso se propaga muito.

Eu estou super-honrada da Preta me convidar para ser musa, é um elogio imenso ser musa da Preta. Eu acho que a minha primeira providência vai ser fazer “bagunça” no bom sentido no dia do Bloco. Porque eu pensei: “Cara, porque a Preta me chamou para ser musa? Ela tem outras musas, tem mulheres lindíssimas”. Eu fiquei super feliz com o convite, eu falei “Uau, estou na cartela de mulheres lindas e musas da Preta”. Isso é incrível. Mas o que eu posso contribuir é me divertindo e divertir, é fazendo meu humor, é fazendo do meu jeito, então eu acho que vai ser bacana. É isso que o público pode esperar, eu queria estar com a galera, eu não queria estar só lá em cima, eu gosto de “bagunçar” com a galera, eu tenho essa característica que me aproxima muito das pessoas. Logo que têm contato comigo, as pessoas vêem que eu sou muito próxima delas, isso é muito legal. E a Preta pode me passar, inclusive, tarefas… Eu acho que seria f*da, eu ia achar incrível se eu tivesse tarefas como musa. Ela pode me passar tarefas antes ou durante o Bloco e eu ir cumprindo as tarefas, eu acho super legal.

Leticia Lima e Preta Gil

O que tem de Letícia na mandada da novela? Foi dificil fazer o quadradinho de 8 durante o laboratório pro papel?

A única coisa que aproxima a Letícia da “Mandada”, da “Alisson”, é a cara de pau, que muitas vezes eu sou super cara de pau. Fora isso nada, zero, eu não tenho nada a ver com a Alisson, eu não me comportaria como ela, eu não tomaria as atitudes dela, eu não faria as escolhas dela, de roupa nem de nada. Rs.. Não tem nada a ver. Só que a Alisson é super cara de pau e eu também sou super cara de pau.

E o quadradinho de 8 não existe, é um negócio dificílimo, é um negócio que não se aprende, sei lá, é um negócio que ou você nasce fazendo ou cresce fazendo na comunidade, porque é um negócio superdifícil de fazer. E tem pessoas que acham que fazem e não estão fazendo bem, até porque eu também sou superexigente. Não dá para fazer mais ou menos, fazer um quadradinho meio médio. Eu tive aulas de quadradinho de 8 na preparação da novela, não que necessariamente eu fosse usar na novela, mas eu queria entrar nesse personagem e a Alisson é uma mulher que sabe fazer, ela cresceu na comunidade dançando tudo isso, mas é superdifícil. Eu tenho que treinar muito para conseguir fazer um pouco de quadradinho e não é igual a andar de bicicleta: se você parar um tempo de fazer o quadradinho, você não sabe mais fazer, você tem que aprender de novo. Então, é difícil por isso!

What’s next? Sonha, corre atrás ou espera a maré trazer?

Eu nunca fui de esperar nada. Aliás, nada na minha vida foi esperando, eu sempre corro atrás, eu me movimento. Eu acredito que quem se movimenta, alcança. Você tem que estar em movimento para as coisas virem até você, é uma coisa quase física, você vai fazendo e as coisas vão acontecendo, e a bola vai rodando, vai girando.

Eu tenho um longa para fazer depois da novela, superbacana, do diretor de Pé na Cova, que é um diretor que as pessoas gostam muito, é um diretor queridinho do momento, é um cara superinteligente, supertalentoso, e eu vou fazer esse longa assim que acabar a novela. Não tenho muita coisa para adiantar ainda, não posso adiantar a história, a sinopse, o elenco, mas já está tudo certo. A grande mudança para esse longa é que eu vou fazer uma transformação grande no visual; pela primeira vez, esse cabelo virgem será desvirginado, será tocado, será invadido: eu vou ficar loira, eu vou ficar muito loira! Não pode ser peruca, vai ter que ser no meu cabelo mesmo. Eu vou fazer uma garota do subúrbio loiraça. O filme é de humor, é comédia e eu engato nele logo depois da novela.

Então, a princípio, eu estou focada nisso, eu tenho um papel importante no filme, então eu vou ficar um tempo fazendo esse longa. Não vou descansar depois da novela, vou já engatar em trabalho. E continuar em movimento e criando coisas, e correndo atrás, que é o que eu sempre fiz na vida. Por exemplo, eu precisava mostrar o meu trabalho de alguma maneira, eu sentia que o mais difícil do ator é conseguir exibir o seu trabalho, para assim você ser chamado para outros trabalhos. Então, eu precisei exibir o meu trabalho e eu não tinha veículo para isso, era muito difícil entrar na televisão, é muito difícil você conseguir fazer cinema, então, foi assim que começamos a fazer vídeos para internet. A princípio era só eu, eram vídeos meus, era o Programa da Amanda, eram vídeos lá no “Anões em Chamas”, que era uma maneira de eu ter um local para exibir o meu trabalho e as pessoas poderem ver, eu poder ter aquele link, poder mandar, eu poder dizer “olha só, tem trabalho meu aqui, dá uma olhada, vê se gosta”. Então, em movimento sempre, não parar nunca.

Por Horácio Brandão – Midiorama


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