zoom

Rolling Stones se despede de São Paulo com mais uma noite memorável


Saiba como foi a segunda noite dos Rolling Stones no Morumbi

Anote aí no seu caderninho de feitos históricos: São Paulo, dia 27 de fevereiro de 2016, Estádio Cícero Pompeu de Toledo – Morumbi, 21h. Contando com uma pontualidade britânica, apagam-se as luzes do gigante de concreto e uma bandeira brasileira aparece nos telões, dando início ao vídeo promocional da turnê latino-americana. Contrariando a expectativa – pelo que se acompanhou dos shows anteriores da turnê -, a banda começa arrebentando tudo, com Keith Richards sendo o primeiro a aparecer, entoando o riff monstruoso de “Jumpin’ Jack Flash”. Sequência com “It’s Only Rock’n’Roll (But I Like it)”, para só então Sir Mick Jagger fazer as honras e gastar seu português com um “Olá São Paulo! Olá paulistas! E aí galera?”. “Tumbling Dice” é a música da vez e Mick Jagger, empolgado, solta um “hoje é sábado, vamos quebrar tudo”.

Na plateia, se misturam várias gerações, famílias completas, com pais chorando, filhos felizes de estar ali e netos muito bem encaminhados, turmas de jovens meninas ao meu lado, que não conheciam as músicas dos Titãs, mas dos Stones cantavam cada palavra junto com Mick Jagger.

Entre uma música e outra, Mick passeia pelo palco, anda na passarela que chega até o meio da pista e vai soltando brincadeiras em português: “Quem aqui torce para o São Paulo? E para o Corinthians? Palmeiras? Santos? Esta é a primeira vez que temos os quatro times juntos aqui no Morumbi”. E “All Down the Line”, faixa do clássico Exile on Main Street, de 1972, é tocada.

Foto: Miguel Schincariol

Antes do início do show de abertura, os telões mostravam uma seleção de músicas (“She’s a Rainbow”, “Anybody Seen My Baby”, “Let it Bleed” e “Dead Flowers”) para que os fãs escolhessem via Twitter qual deveria entrar no show. A escolhida foi a balada “She’s a Rainbow”, do psicodélico álbum de 1967, Their Satanic Majesties Request. “Não, essa não lembramos como se toca”, brincou Jagger. Na sequência, mais clássicos. A balada “Wild Horses” e as fantástica “Paint in Black” e “Honk Tonk Women” – com direito a pedido de desculpas ao público (“Estou muito devagar hoje. É que comi muitas coxinhas”), disse o gaiato frontmen, que em seguida apresentou a banda toda. O destaque óbvio para “Ronnie Wood, o Rogério Ceni do rock”, um jovem senhor de 68 anos, que tem um carisma, energia e qualidade sensacionais, “a rainha da bossa nova, Charlie Watts”, o sempre tímido e educado baterista e finalizando com “este é Keith Richards, guitarrista e agora vocalista”, ovacionado pela plateia, que não cansa de gritar “olê olê olê, Richards, Richards”, e ele canta “Sleeping Away”, do disco Steel Wheels, de 1989, e “Before They Make Me Run”, do Some Girls, de 1978. Particularmente, adoro as baladas cantadas pelo pai do Jack Sparrow!

Pausa de Jagger terminada e ele volta arrebentando com “Midnight Rambler”. Se com 72 anos ele se desculpa e acha que está devagar com toda aquela exibição no palco, este que vos escreve morre de vergonha com 43. “Miss You” é a próxima e aos primeiros acordes de “Gimme Shelter, a chuva cai sobre o Morumbi, refrescante e bem-vinda. Chuva que não atrapalha em nada o desempenho da vocalista Sasha Allen, que dança e canta sensualmente com Mick Jagger na passarela.

A música que normalmente estava abrindo os shows da turnê é a próxima, “Start Me Up” é cantada em uníssono, e faz Mick Jagger finalizar em bom português: “bom para caralho”! Tudo apagado e começam as batidas quentes de “Sympathy For the Devil”, emendada com a não menos quente “Brown Sugar”.

Foto: Miguel Schincariol
Foto: Miguel Schincariol

Breve intervalo e a volta vem com o “Sampa Coral”, entoando a belíssima “You Can’t Always Get What You Want”. Interessante que a banda vem utilizando corais locais para a apresentação desta canção em todos os shows e todos os envolvidos são unânimes em dizer o quanto são bem recebidos e respeitados por Jagger & Cia. Seguindo o script, todos já esperam o encerramento e ele vem com a mais clássica de todas, “(I Can’t Get No) Satisfaction” e a popular queima de fogos.

Diferente dos shows anteriores no Brasil, este tem foco apenas na música, mesmo com o lindo palco, luzes e fogos, aqui o “espetáculo visual” é menor, mas não menos grandioso. E o que importa realmente, é a música maravilhosa que estes senhores fazem.

Com exceção de Ronnie Wood, que já está bem perto disso, todos os Stones já ultrapassaram os 70 anos. É difícil acreditar que eles ainda voltem ao Brasil, mas, se isso acontecer, e você que está lendo isso ainda não os viu de perto, não perca a chance novamente, faça um empréstimo, venda um rim, mas vá! Você estará diante do maior espetáculo da Terra!

Set List: Jumpin’ Jack Flash / It’s Only Rock’n’Roll (But I Like It) / Tumbling Dice / Out of Control / All Down the Line / She’s a Rainbow / Wild Horses / Paint it Black / Honk Tonk Women / Slipping Away / Before They Make Me Run / Midnight Rambler / Miss You / Gimme Shelter / Start Me Up / Sympathy For the Devil / Brown Sugar / You Can’t Always Get What You Want / (I Can’t Get No) Satisfaction.

Por Ricardo Alfredo Flávio, Rock On Board


Deixe seu comentário


Envie sua matéria


Anexar imagem de destaque