O álbum dá partida com LIGHT BEAMS, faixa instrumental muito interessante que introduz a primeira parte, contendo elementos do single que vem na sequência, disco tits. Com vibe otimista e confiante, Lo mostra expectativas (também sexuais) e tenta convencer alguém a se envolver mais intensamente com ela. No videoclipe, o seu provável parceiro é substituído por um puppet, com o qual ela se relaciona no decorrer da exibição.
Logo em seguida, acompanhada de uma melodia mais descontraída, shedontknowbutsheknows muda o contexto anterior e ela passa a ignorar o fato de estar no “escuro” do relacionamento como diz em: “Ela não sabe o que você fez quando voltou para casa / Oh ela não sabe o que você está fazendo agora a noite toda…” e adiciona “… ela sabe / Ela prefere sorrir, fingir com você e deixar para lá”.
Nas próximas três faixas, shivering gold, dont ask dont tell e stranger, cria-se um momento mais dark, onde fica perceptível sua vulnerabilidade em: “Você é meu estranho no escuro / Solitária com um coração solitário/ Esperando alguém me levar para casa”.
Tove volta a falar em viver o relacionamento sem preocupações e de maneira intensa, se entregar sem precisar esclarecer os respectivos passados e viver apenas o presente quando diz “Meu passado não pergunte e não conte / Não precisamos compartilhar demais…”.
A primeira fase é finalizada com bitches, e então vem a segunda faixa instrumental PITCH BLACK, que nomeia a fase mais post-rush, com quebra de todas as expectativas criadas! O featuring com Daye Jack ficou bem feito, tendo sintonia com o momento do álbum em romantics e o desejo de intensidade no relacionamento já é mencionado como algo que poderia ter acontecido: “Nós poderíamos ter sido românticos para a vida”. É uma música mais voltada para o trap, resultando numa mistura bem produzida com a voz e os efeitos.
Caminhando para o fim da história, as músicas ficam mais dramáticas e Lo se mostra cada vez mais incompleta e afetada pela situação do relacionamento como em struggle: “A luta é real quando você não me conta como se sente”.
Blue Lips fecha com hey you got drugs e conclui o drama com uma bela melodia acompanhada de piano e seu Eletropop, contando o término e transmitindo, pela música, sua tristeza e como lidou com toda a situação.
Com repertório pop bem característico de Tove Lo, “Blue Lips” consolidou a identidade da sueca mostrando inovação e ousadia com produção admirável e bem dançante. Lo se desafiou vocal e emocionalmente, arriscando cada vez mais as letras sensuais que são “tabulizadas” e criticadas.
Muito se fala sobre a questão, pois não se contesta músicos com trabalhos semelhantes que abordam o mesmo tema de forma mais acentuada, em muitos casos, mas criticam Lo e outras artistas do sexo feminino.
Por fim, sua atitude é admirável, seu talento está ascendendo e merece reconhecimento! Blue Lips ficou incrível, não vai se arrepender em tirar um tempinho para conferir.
Por Caroline Mesquita, do On Backstage