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Coldplay: O sentimentalismo de Chris Martin no EP Kaleidoscope


Chris Martin continua com os pensamentos cheios de sonhos, sentimentalismos e questionamentos existencialistas, sobre o que anda acontecendo em seu coração e também no mundo em sua volta

Finalmente está entre nós o novo EP do Coldplay. Após quatro adiamentos a banda lançara nesta sexta feira (17) uma pequena, mas, interessante continuação do fascinante ‘A Head Full a Dreams (2015). Ao todo, são cinco músicas – quatro inéditas e dois remixes.

Pelo visto, Chris Martin continua com os pensamentos cheios de sonhos, sentimentalismos e questionamentos existencialistas, sobre o que anda acontecendo em seu coração e também no mundo em sua volta. Essa abordagem fica evidente já na primeira faixa do EP ‘All I Can Think About Is You‘ que contém uma ambientação bem crua, característica da banda. Através do piano e vocais suaves, Chris faz uma ode a um ex relacionamento que ainda não se desprendeu de seu imaginário. ”Mas agora, tudo que eu consigo pensar é você/Tudo que eu consigo pensar é você/Se tudo o que eu fizer nesse mundo/É solidão, pobre sapato solitário/Eu quero andar em dupla.

Ou seja, o mundo pode estar o caos que for mas a presença dessa persona na vida do eu-lírico é indispensável. E mesmo que não seja mais possível reconquistar esse amor, ele só quer seguir em frente. Seguir adiante, mas com alguém como companhia para enfrentar as adversidades.

Já na segunda faixa, ‘Miracles (Someone Special)’ com a participação do rapper Big Sean, a nostalgia é ressoante. Os conselhos de um Pai tomam conta do coração de Chris Martin. O vocalista cita ao longo da canção exemplos de personalidades que deixaram um legado importante para a humanidade, e que o inspiram de certa forma. Na canção, ele não revelara apenas a motivação do pai para acreditar em suas potencialidades, como ele próprio (Chris) inspira os fãs ao longo da inspirante faixa.

Martin adverte que a vida deve ser vivida da forma mais despretensiosa possível, sem desperdícios. ”Nunca seja complacente até chegar ao oásis/Uma vida, não desperdice, sinta meu coração disparar/Eu provo do sucesso/Estamos a ponto de fazer tudo que merecemos”.

Merecimento, persistência, respeito ao próximo, menos vaidade. É possível alcançar a felicidade. Não precisa seguir o ”script da vida perfeita”. Apenas seja quem você quiser ser e exalte sua intelectualidade e mostre o brilho dos olhos, como diz na letra. Essa é a mensagem, de que somos todos especiais. Costurada sobre uma sonoridade acústica remetente ao trip pop, ”Miracles (Someone Special)” é mais uma daquelas músicas motivacionais que fazem o Coldplay uma banda afável e compreensiva com os sentimentos de quem os ouve.

Para os amantes de ufologia, está ai uma canção que compreende os alienígenas – ou melhor, aqueles que se identificam como tal perante a uma sociedade tão caótica como a nossa. Em ‘A L I E N S’, com o apoio de uma forte camada psicodélica e orquestra, o eu-lírico insiste na postura existencialista, em um longo processo de indagações dentro do seu universo particular.

A partir desse ponto o conceito do EP fica mais compreensível para aqueles que se atentam as mensagens, que por vezes, acabam ficando nas entrelinhas das canções. Nos versos ”Fuja, se quiser/Não tem problema/Mas se você quiser me ligar/Ligue para esta linha” é demonstrada claramente a retomada da estima e auto-aceitação. Tudo bem ser um extraterrestre mesmo. O eu lírico evidencia que se quiserem me aceitá-lo com todos os conflitos, crises, medos, ânsias, desejos e ademais confusões, eres bem vindo. Se não, não. Ele está feliz do jeito que é. E isso se deve a toda uma jornada percorrida adentro das. Por fim, foi preciso percorrer referências interiores, afetivas e nostálgicas, para se descobrir que a complementação que tanto se exigia, esse tipo de carência, passa a ser anulada quando o costume de deixar a felicidade à mercê de terceiros é exaurido.

O EP termina com dois remixes; uma versão ao vivo de ‘Something Just Like This’ (parceria com a dupla The Chainsmokers), em Tokyo, Japão, e um desabafo: ‘Hypnotised’ além de contar com um instrumental com bases psicodélicas, conta também com a presença de uma harpa ao fundo, sendo uma consistente análise sobre as máculas que assolam o comportamento humano. A responsabilidade da mídia também fora questionada como um papel decisivo na conjuntura psicológica da sociedade, um mecanismo que abusa de sua potencialidade para propagar a cultura do medo e ansiedade, podendo orientar a forma como as pessoas enxergam o mundo, tanto para a construção de um objetivo utópico ”Dizendo que é a mesmíssima ”torre”/Que as pessoas querem escolher/Eles apenas a veem de diferentes pontos de vista”, quanto para aflorar o entristecimento coletivo, afinal, ninguém é de ferro. ”É fácil ser letal/Eu estou aprendendo com o noticiário/É um guia para a tristeza”.

Mais uma vez, o Coldplay fazendo valer o título de uma das melhores e mais conceituadas bandas do MUNDO!

Por Fellipe da Costa, do On Backstage


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