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Conheça “Sweet Tooth”, nova adaptação já disponível na Netflix


Intensamente elogiado, o quadrinho de Jeff LemireSweet Tooth, ganhará uma adaptação em live action pela Netflix nesta sexta feira (4).

Dentro de um estilo que concilia mistério, tensão e fofura, a Netflix adapta o denso quadrinho, Sweet Tooth, através de uma roupagem mais otimista e esperançosa, que foca suas estratégias em maneiras de fixar o público no presente universo. Sem adentrar na superficialidade em função de criar mensagens positivas a qualquer custo, a série as constrói com atenção e precisão, e acaba se tornando uma boa pedida para tempos em que a realidade já é uma história suficientemente pesada.

Em Sweet Tooth, a humanidade passa por um evento de quase extinção, um vírus chamado de Flagelo, que surge sem explicação e aniquila parte da população mundial. Ainda misteriosamente, novos bebês nascem como híbridos entre humanos e animais. Não se sabe se um evento possui relação com o outro, mas os híbridos se tornam alvos de preconceito e caça para a maioria dos humanos sobreviventes. A série acompanha a jornada de Gus (Christian Convery), um híbrido-cervo que será posto à prova quando enfrentar esse mundo do qual foi mantido isolado por seu pai, durante 10 anos.

Netflix / Divulgação

Em seus primeiros momentos, Sweet Tooth conquista a fidelidade do espectador através do encanto. Como em qualquer história, precisamos ser convencidos a sair juntos para a aventura, e naturalmente, graças ao carisma excepcional de Gus, já se anda metade do caminho. A soma desse fator com a curiosidade pelo mundo externo é o que, também naturalmente, atinge o objetivo primário, mas é a forma com que se mantém o interesse pelo delinear da jornada que eleva a virtude da aventura. Além da casa de Gus, encontram-se ameaças e realidades cruas, perigos com os quais ele sequer imagina como lidar. Isto, juntamente com seu espírito inabalável de confiança, faz com que a nossa preocupação durante momentos tensos, dobre, bem como a felicidade a cada objetivo conquistado. Este realce de sensações, amplifica o prazer da experiência.

É nessas estratégias de manutenção do interesse que moram as principais virtudes do roteiro, que sabe não apenas se aproveitar da nossa predisposição, causada pelos elementos de atração emocional, mas também puxar diversos fios condutores, que renovam constantemente a expectativa pelo que está por vir (ainda que nem sempre sejam necessários ou bem percorridos). Dessa forma, o ritmo da temporada torna-se agradável, mesmo que imperfeito. Este ritmo, não faz uso da pressa e deixa que sua trama navegue como um barco a vela, passando por momentos frenéticos, calmos, excitantes ou maçantes por conta de alguma lentidão. Em geral, categoriza um bom passeio, uma vez que, o mar em que navega desfruta de vastidão com espaço para desenvolvimento e respiro.

Ao mesmo tempo, há também aspectos positivos que ocasionalmente acarretam pontos negativos, propondo ou começando a desenvolver bem certos aspectos, e mais tarde tropeçando. O primeiro caso envolve pontos de virada, que hora exalam criatividade e contribuem para a dita continuidade do interesse, mas hora, mesmo que não sejam ilógicos e configurem furos de roteiro, soam demasiadamente forçados ou convenientes. Felizmente, esses momentos são poucos e podem ser dissolvidos em meio à atmosfera de inocência da série, dependendo da disposição de quem assiste. Entretanto, o segundo caso é menos perdoável, já que demonstra uma estranha insinceridade com certa proposta…

Netflix / Divulgação

Uma das escolhas da adaptação foi trocar o sadismo de “cientista louco” do Dr. Singh (Adeel Akhtar) nos quadrinhos, por um dilema moral que então o forçará a caçar os híbridos na série. Um arco que, a priori, promete ser mais interessante e complexo do que a contraparte na HQ, acaba sendo bastante confuso, pois é difícil distinguir o quão balançado o doutor se sente. Se em alguns momentos demonstra muita relutância, em outros se mostra assustadoramente confortável com a situação (a última cena com ele na série é o ápice dessa questão), e a forma com estes momentos são intercalados agrava a sensação de incerteza (ou insinceridade) quanto aos sentimentos de Singh. Afinal, ele está mesmo balançado, ou sua motivação é tão forte que reprime qualquer remorso (resultando em sua expressão durante a dita cena)?

Por fim, é interessante destacar que, por mais que Sweet Tooth frise sentimentos positivos e mensagens de esperança em meio ao caos (algo muito bem-vindo atualmente), isso não significa que deixa de proporcionar catarses. Trata-se de uma releitura, que lida com temas como intolerância e família de maneira funcional dentro dos próprios termos. Se por um lado temos o Gus dos gibis, que conduz as reflexões do leitor através de uma história mais bárbara, por outro, temos o Gus de Christian Convery, que conduzirá outros tipos de reflexão por meio de uma história que abrange mais tipos de público. Os dois funcionam com destreza dentro de seus respectivos contextos.

Netflix / Divulgação

Com muito potencial para uma segunda, e quem sabe mais temporadas, a nova série termina com crédito positivo e entrega uma aventura de grande coração, originalidade e com olhares diversos… em suma, organizados de forma simples e funcional. O todo, acaba por proporcionar uma viagem emocional e acima de tudo, divertida, pela qual vale a pena engajar-se. A série já está disponível na Netflix!

Por Balde de Pipoca

 

 


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