No último sábado, dia 13 de fevereiro, Preta Gil levou seu bloco para o estacionamento do Estádio Nilson Nelson, em Brasília. Com um público de mais de 40 mil pessoas, a cantora convidou para subir ao seu trio Carmela Veloso de Beauvoir, uma personagem da cultura LGBT criada pelo jornalista Diego Ponce de Leon.

O resultado do encontro foi a matéria publicada na edição de hoje, dia 15, no maior e mais tradicional jornal de Brasília, o Correio Braziliense. Em um episódio histórico para o jornalismo brasileiro, por ser a primeira entrevista que um jornalista no papel de cross-dresser assina uma matéria com o seu alter ego, Preta Gil fala de sua indignação com a desigualdade de gêneros e o amor é o que mais importa.

Confira alguns trechos da entrevista exclusiva:

CARMELA VELOSO DE BEAUVOIR: Como reagiu à figura de Carmela Veloso de Beauvoir?

PRETA GIL: “Eu soube que você tem uma família que a apoia nessa empreitada. Vestir-se de mulher para diminuir o preconceito da comunidade onde vive é a própria glória. Viva a família que tem mente aberta e que percebe que, ao fim do dia, o que fica é o amor.”

CARMELA VELOSO DE BEAUVOIR: O panorama atual, com tantos retrocessos e conservadorismo, pede por ações assim…

PRETA GIL: “É um tempo em que a esperança, a fé e o amor acabam ficando para escanteio. Se não fizermos uma força coletiva para aplacar o preconceito e o mal que também habita em todos nós, pegaremos o bonde errado. Sinto que é chegada a hora de nos vermos como um único organismo, de entendermos que a dor do outro é nossa também, ela volta mais dia, menos dia. A violência – seja contra um homossexual, contra manifestações religiosas, raças ou até mesmo contra a própria família, mulheres e filhos – é inadmissível nos dias atuais.”

CARMELA VELOSO DE BEAUVOIR: Qual foi mensagem que o Bloco da Preta trouxe a Brasília?

PRETA GIL: “Carmela, a mensagem é simples: vamos nos amar mais, vamos acreditar no coletivo, vamos construir juntos um mundo sem violência.”

(…)

CARMELA VELOSO DE BEAUVOIR: Quais são nossas melhores ferramentas para combater a violência do preconceito?

PRETA GIL: “Quem dera tivéssemos a fórmula e o remédio. Acho que o melhor é o indivíduo aprender a amar a si próprio, não se sentir menor ou maior que o outro. O cemitério espera a todos da mesma maneira. Então, achar que o outro é menos por não ter a sua grana, a sua cor, ou não pertencer a sua filosofia é simplesmente uma miopia, uma deformação do ego. Violência é algo tão presente em nossas vidas, que qualquer um que seja mentalmente são deveria optar por não conviver com ela, não produzir, não perder tempo para atirar pedras na janela do vizinho, ou ser odioso na internet ou jogar um filho pela janela. Tudo vem do mesmo lugar, do desamor a si mesmo e ao próximo. Eu colaboro com meus shows, minha “vibe” é positiva. E é isso que levamos a Brasília. Tomara que a gente tenha produzido juntas boas energias. Bora se amar!”

Confira a matéria completa no site do Correio Braziliense.

Por Rebeca Guio