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Entrevista com Supla sobre os 30 anos de carreira e novo disco


Papito acaba de lançar seu décimo quarto disco e prepara um DVD de comemoração aos 30 anos de carreira

O título do novo disco não é por acaso. Comemorando 30 anos de carreira, Supla é daqueles que tem orgulho de poder expressar seu direito de opinião. A ideologia punk, que ele faz questão de mostrar desde os tempos de roqueiro juvenil, quando surgiu aos 18 anos de idade à frente da cultuada Tokyo, continua presente nas letras de seu décimo quarto trabalho de estúdio, Diga O Que Você Pensa. O álbum, primeiro solo em dez anos, chega como atestado de que o artista não perdeu a coerência com sua origem.

“Acho que fui bastante honesto com o que quis passar nesse disco. As músicas tem esse pé nos anos oitenta, e eu acho que tenho autoridade quando o assunto é rock oitentista, porque eu estive lá, eu vivi isso de verdade”, disse por telefone, em exclusiva ao site Rock On Board.

O fato é que além de contar com uma coesão musical que perpassa todo o álbum, em todas as faixas do disco há alguma abordagem específica sobre temas que vivem sendo discutidos na nossa sociedade. Para dar mais ênfase às mensagens, Supla decidiu apostar nos vídeo clipes. Até agora, já foram cinco vídeos lançados e há mais dois chegando – “Um já está pronto!”, confidencia.

“Todos os vídeos tentam transmitir de uma forma bem clara as minhas opiniões e críticas. Por isso, eu sempre peço para que as pessoas assistam também”

Nem o atual presidente dos Estados Unidos escapou da mira do cantor em “Trump! Trump! Trump!“. No entanto ele lamenta ter errado na previsão. “Eu escrevi essa música muito antes dele ser eleito. Inclusive eu teria até que mudar a letra, já que eu começo a música afirmando que ele nunca iria morar na Casa Branca, o que infelizmente acabou acontecendo”.

Há ainda a diversidade de gêneros em “Amor Entre Dois Diferentes“, que conta com a participação de Isa Salles, que venceu um concurso para poder cantar essa música com o Supla. “Parça da Erva” é mais polêmica e fala da legalização da maconha. Ele explica: “Como posso escutar um cara [político] falar de lei, de proibição e outras coisas, se nem ele respeita a lei e está aí roubando e cheio de acusações e metido em corrupção?”. Já “Anarquia Style” é sobre levar uma vida de anarquia, que segundo ele, é talvez a única forma de escapar desses tempos de trevas políticas e sociais. Esta canção também faz parte do documentário ‘Sad Vacation: The Last Days Of Sid And Nancy‘, produzido por Dany Garcia e que fala sobre o líder do Sex Pistols em seus últimos dias de vida.

“É lógico que não vou ser ingênuo de dizer que vou viver uma vida anarquista, pois antes de tudo quero honrar meus compromissos e pagar minhas contas, mas para quem não sabe, anarquia é antes de qualquer coisa respeitar os outros”

Supla também falou sobre os 30 anos de carreira e relembrou a surpresa com o sucesso inesperado do disco Charada Brasileiro em 2001 [que vendeu mais de 1 milhão de cópias num tempo em que o mercado já demonstrava declínio] e foi enfático ao falar dos 15 anos de lançamento do disco. “Bom, eu nem tinha me tocado sobre isso. Mas é sinal de que eu ainda estou vivo!”. O saudosismo só transparece mesmo quando o assunto é a Psycho 69, banda formada em NY e que chegou a abrir para os Ramones no Brasil. “Essa banda estava muito à frente do tempo na época. Inclusive rolou a chance de sairmos em turnê com o Metallica mas não aconteceu”. Ao analisar seu legado popular, o músico acredita que perdeu uma boa parte de seu público quando foi morar fora do país, mas que essa experiência de alguma forma também o ajudou a ganhar reconhecimento da mídia brasileira.

“É incrível como nós [brasileiros] só damos valor ao que vem de fora. É ridículo pensar que eu e o João estávamos com o Brothers Of Brazil há um tempão tocando por aí mas a imprensa brasileira só foi nos descobrir quando ganhamos destaque no exterior”

Biografia e DVD ao Vivo

Toda a trajetória de Supla está devidamente relatada no livro “Crônicas e Fotos do Charada Brasileiro“, uma espécie de biografia particular com muitas fotos raras [lançada recentemente pela Ideal]. “Fui eu mesmo quem escrevi o livro. Nele eu falo sobre vários capítulos da minha carreira. Tanto as coisas legais quanto as não tão legais assim. São vários acontecimentos contados na minha visão da situação”. Mas a comemoração dos 30 anos de carreira ainda reserva o lançamento de um DVD que vai trazer o registro de uma apresentação ao vivo no Ibirapuera em São Paulo e que contou com algumas participações especiais, entre elas, Roger Moreira do Ultraje A Rigor.

E esse apelido ‘Papito’? “Cara, isso começou com o Marcos Mion na MTV mas ganhou força mesmo na Rede Globo, quando eu fiz uma participação na novela “Um Anjo Caiu do Céu”, em que chamava geral de “Papito”. Aí tu sabe né? Não dá para comparar a força de alcance popular que tinha uma novela da TV Globo com a MTV, que era um canal semiaberto”.

Por Rockonboard


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