O duo britânico Everything But the Girl anunciou o lançamento de The Best of Everything But the Girl, uma coletânea com 16 faixas que chega às plataformas em 14 de novembro pelas gravadoras Buzzin’ Fly e Chrysalis. A seleção será apresentada em ordem cronológica inversa: começa com os trabalhos recentes, como “Run a Red Light”, do álbum Fuse (2023), e se encerra com “Night and Day”, primeiro single lançado em 1982. Segundo Tracey Thorn, a proposta segue a lógica dos discos de vinil, com um lado rápido e outro lento. Já Ben Watt descreveu a experiência como uma viagem “do clubland de volta ao bedsit”, recriando em sentido oposto os passos que marcaram a carreira da dupla.
O repertório atravessa momentos decisivos. Amplified Heart (1994) trouxe uma sonoridade mais acústica e reflexiva, mas ficou mundialmente conhecido graças ao remix de Todd Terry para “Missing”, que alcançou o segundo lugar na Billboard Hot 100 e projetou o duo internacionalmente. O passo seguinte veio com Walking Wounded (1996), que consolidou a guinada eletrônica ao misturar trip-hop e drum and bass em canções como “Walking Wounded” e “Wrong”. Em 1999, o álbum Temperamental mergulhou em atmosferas densas e sombrias, encerrando a primeira fase da dupla antes de um hiato de 24 anos.
Durante esse intervalo, Thorn lançou álbuns solo e livros autobiográficos, enquanto Watt se dedicou à gravadora Buzzin’ Fly, à produção eletrônica e a trabalhos individuais. A reunião aconteceu em 2023 com Fuse, gravado discretamente entre 2021 e 2022. O álbum chegou ao terceiro lugar nas paradas britânicas, a melhor posição da carreira, e foi elogiado por combinar bases eletrônicas com letras maduras sobre luto, memória e envelhecimento. A faixa “Run a Red Light”, presente tanto em Fuse quanto na nova coletânea, simboliza esse retorno.
O lançamento também se diferencia das coletâneas anteriores. Em 1996, a Warner reuniu sucessos da dupla no primeiro The Best of Everything But the Girl, seguindo o formato tradicional. Já em 2002, Like the Deserts Miss the Rain revisitou clássicos e trouxe um DVD com clipes e registros ao vivo. A nova edição de 2025, ao contrário, propõe uma narrativa invertida: começa no presente e retorna ao início, criando uma linha de escuta que enfatiza a continuidade e a transformação da dupla ao longo de mais de quatro décadas.
Como parte da divulgação, o duo lançou um trailer promocional que mistura imagens de arquivo, trechos de videoclipes icônicos e cenas recentes de estúdio. O vídeo, divulgado nas redes sociais e no canal oficial da dupla, reforça o conceito do álbum ao intercalar passado e presente em montagem não linear, evocando o clima nostálgico e ao mesmo tempo contemporâneo da coletânea. A peça audiovisual apresenta também trechos de faixas incluídas no disco, funcionando como introdução ao percurso que os fãs encontrarão no álbum.
Desde o retorno em 2023, o Everything But the Girl retomou apresentações ao vivo em formatos intimistas, com casas lotadas no Reino Unido. Esses shows, que alternam versões acústicas e eletrônicas de diferentes fases, ecoam diretamente a proposta da nova coletânea, na qual cada faixa funciona como um elo de ligação entre o presente e as origens da dupla.
The Best of Everything But the Girl surge, assim, como mais do que uma simples reunião de sucessos. A inversão cronológica transforma a coletânea em um exercício de memória e celebração, ressaltando a capacidade de Tracey Thorn e Ben Watt de atravessar estilos e épocas sem perder identidade, mantendo-se como uma das parcerias mais consistentes da música britânica.





