Considerado no círculo da música clássica um dos maiores pianistas do mundo, o mineiro Nelson Freire (ele era natural da cidade de Boa Esperança) morreu na madrugada desta segunda feira (1º) no Rio de Janeiro, cidade onde residia. A causa da morte não foi divulgada, mas sabe-se que o artista vinha sofrendo de um quadro severo de depressão desde que se viu impedido de tocar, há dois anos, por causa de uma queda que deixou problemas em seu braço direito.

Definido pelo conhecidos como uma pessoas tímida e perfeccionista, Nelson começou a se interessar pelo piano com apenas três anos de idade. Aos cinco, fez seu primeiro concerto em São João Del Rey, e a família resolveu se mudar para o Rio de Janeiro em busca de estudos adequados para o garoto, já então apontado como um prodígio. Aos 12 anos mudou-se para a Europa, depois de ganhar uma bolsa de estudos do governo JK, e aos 15 já dava os seus primeiros concertos.

Com 19 ano, Nelson conquistou o primeiro lugar no Concurso Internacional Vianna da Motta, em Lisboa e apenas cinco anos depois, estrearia com a Orquestra Filarmônica de Nova York. A apresentação lhe rendeu uma crítica na revista “Time” que o definia como “um dos maiores pianistas desta ou de qualquer outra geração”. A partir daí desenvolveu uma carreira brilhante que o levaria a todos os grandes palcos do mundo e a trabalhar com os mais importantes regentes da música clássica.

Nelson deixou uma extensa discografia, que inclui importantes gravações de obras de Schumann, Chopin e Brahms. Em 2013 ganhou o Grammy Latino de melhor álbum de música clássica. Gravou também vários artistas brasileiros, como Villa Lobos, Camargo Guarnieri e Henrique Oswald. Seu último álbum é “Encores”, lançado em outubro de 2019 pela Decca.

Por Alex Dayrell