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Morrissey: O Bardo polêmico e venerado do Rock Mundial


Saiba mais da história do cantor que chega ao Brasil esta semana

“Eu provavelmente não verei vocês outra vez”. Ironicamente, esse foi o último verso cantado por Morrissey em um show do The Smiths em dezembro de 1986. Ao mesmo tempo que aquela seria a última performance ao vivo do grupo, estava claro que a carreira de  Morrissey estava mais do que consolidada, não apenas como letrista, mas como um dos maiores líderes da história do rock inglês. Dono de uma das mais intrigantes personalidades da música de nosso tempo, Morrissey desenvolveu uma bem sucedida carreira solo e é um dos poucos artistas a ter músicas no TOP 10 do Reino Unido em três décadas diferentes.

Adorado por uma legião de fãs, que dizem encontrar nas letras de Morrissey um consolo e companhia para todas as horas, principalmente em momentos difíceis, professam que sua música – apesar da melancolia – os salva da depressão e funciona como uma espécie de redenção.

Sem nunca conseguir aceitar a apatia do mundo que o cercava, Morrissey foi  um adolescente introvertido – que passava semanas trancado em seu quarto, sempre acompanhado de Oscar Wilde, James Dean e Shelagh Delaney. A santíssima trindade de heróis acompanharia o compositor em boa parte de sua carreira.

Na primeira entrevista a um grande semanário musical, o Melody Maker, em 1983, Morrissey, antes mesmo que o primeiro álbum dos Smiths fosse lançado, deixou claro a certeza que tinha de como o seu trabalho era importante para os jovens britânicos: “É uma questão de vida ou morte para mim. A música afeta a todos e eu realmente acredito que ela pode mudar o mundo”.

Seu primeiro trabalho solo foi o álbum Viva Hate, lançado em 1988, somente seis meses após o término do The Smiths, que lançou, entre outros, os mega hits, “Suedehead” e “Everyday is like Sunday”.

Depois de alguns singles como “The Last of the Famous International Playboy”, “Interesting Drug” e “November Spawned a monster”, Morrissey lançou sua primeira coletânea de singles e b sides, Bona Drag, em 1990 e, em 1991, lançou o álbum Kill Uncle, com um novo parceiro, Mark E. Nevin, do Fairground Attraction.

Morrissey, então, iniciou uma parceria duradoura com os guitarristas Alain Whyte e Boz Boorer, e lançou seus melhores trabalhos: Your Arsenal (1992), produzido pelo ex-guitarrista de David Bowie, Mick Ronson, e Vauxhall and I, em 1994, além de um single com Siouxsie, “Interlude”. Em 1995, lançou Southpaw Grammar e, em 1997, o aclamado Maladjusted.

Morrissey ficou um período sem assinar com nenhuma gravadora, mas continuou excursionando. Em 2000 fez quatro shows no Brasil. Em 2004, o artista assinou com a gravadora Sanctuary Records e lançou You Are the Quarry, produzido por Jerry Finn, um enorme sucesso de crítica e público.Em 2006 iniciou uma nova parceria com o guitarrista Jesse Tobias e lançou o álbum Ringleader of the Tormentors, produzido por Tony Visconti.

Para terem uma idéia do prestígio do “bardo”, em dezembro de 2006, o concurso televisivo inglês Britain’s Greatest Living Icon, “O Maior Ícone Britânico Vivo”, em escolha realizada por meio de votos do público em geral, colocou Morrissey em segundo lugar apenas atrás de Sir David Attenborough, ficando à frente de nomes estelares, como Paul McCartney, Mick Jagger, entre outros. Em 2009, Morrissey lançou mais um álbum de músicas originais, Years of Refusal.

Os shows de Morrissey ficaram célebres no meio artístico devido ao incrível número de pessoas que constantemente invadem o palco para poder tocar e abraçar seu ídolo.. Várias vezes seus shows tiveram que ser interrompidos por causa da quantidade de invasores presentes no palco que tentavam agarrar o cantor.

Morrissey nunca foi uma esfinge fácil de se decifrar e um dos maiores mistérios sempre esteve em sua sexualidade. “This charming man”, “Pretty girls make graves” e “My love life” colocaram em xeque a alegação, feita pelo próprio Morrissey, de que o celibato era a sua escolha. Johnny Marr chegou a declarar em uma entrevista em 1984 que “Morrissey não faz sexo já há algum tempo, ele teve um monte de namoradas no passado e muito poucos amigos homens.”

Em outubro de 2013, o lançamento da autobiografia de Morrissey, intitulada “Autobiografia”, causou enorme polêmica, porque foi publicada pela editora Penguin Classics, que até então só editava clássicos da literatura de autores consagrados. O livro entrou em primeiro lugar na lista dos mais vendidos do Reino Unido com cerca de 35.000 cópias apenas na primeira semana. Morrissey revelou pela primeira vez sua bissexualidade, afirmando ter tido um relacionamento com um fotógrafo.

Vegetariano convicto e fervoroso, a persona intrigante de Morrissey é um prato cheio para a realidade e a ficção. Em setembro de 2010, o cantor fez uma declaração polêmica ao jornal britânico The Guardian, chamando os chineses de “sub-espécie” por causa da maneira como tratam os animais, privando-os de qualquer direito ou dignidade. A organização “Love music, hate racism” foi a primeira a pedir retratação por parte de Morrissey, que respondeu um sonoro “não”.  Morrissey também critica frequentemente a Família Real Britânica e personalidades como Tony Blair, PJ Harvey e muitos outros.

Por essas e outras, o lugar cativo de Morrissey no panteão dos grandes compositores e performers da história da música mundial está mais do que assegurado.

Vale a pena conferir seus shows enquando ele ainda está entre nós! Salve Moz!

Por MB


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