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Nunca foi feito um filme como “Em Ritmo de Fuga”


Músicas. Carros. Roubos. Ação. Romance. É impossível descrever Em Ritmo de Fuga com uma única palavra!

O filme chegou aos cinemas com uma forte imposição de que é possível misturar tudo e dar certo. Cores, palavras, notas musicais, ritmo. Se fossem obras únicas, ainda seriam excepcionais. Mas é o pacote completo que faz com que Em Ritmo de Fuga seja uma obra-prima.

Com um roteiro extremamente bem desenvolvido e executado em conjunto com a trilha sonora, o filme apresenta personagem icônicos de forma sutil e espontânea. A coreografia sincronizada com a música faz com que você sinta sensações similares ao musical, enquanto está na beirada da poltrona roendo as unhas de tanta tensão. Em Ritmo de Fuga é uma representação caricata de notícias trágicas que vemos num jornal sensacionalista. É como andar na rua acompanhando a batida de uma música, e presenciar um assalto em que os bandidos gritam conforme as notas do saxofone. Se o nosso cotidiano fosse um musical, ele seria esse filme.

A história gira em torno de Baby (Ansel Elgort), um jovem piloto de fuga que precisa ouvir música para abafar um zumbido causado por um trauma na infância. Esse habito faz com que Baby seja alvo de piadas e discussões na gangue pra qual trabalha, principalmente na mão de Griff (Jon Bernthral) e Bats (Jamie Foxx). Porém, esse hábito também é o que faz com que Baby se relacione com Debora (Lily James), uma garçonete que compartilha com ele um belo gosto musical, que rende diálogos ricos inteiramente relacionados a trilha sonora.

Além do romance clichê do protagonista, também vemos Buddy (Jon Hamm) e Darling (Eiza González), no maior estilo Bonnie e Clyde anos 2000, com hábitos extravagantes e nenhuma vergonha em relação a demonstrações públicas de afeto. Darling é a personagem que queremos ser, e Buddy é o personagem que odiamos amar (e as vezes amamos odiar).
As risadas do público são, na maioria das vezes, garantidas por Doc (Kevin Spacey). O chefe da gangue não poupa ironias e não atura desaforos em silêncio.

Segundo o roteirista e diretor Edgar Wright, o esboço de Baby era uma alusão a tipos como Clint Eastwood e Steve McQueen. Baby é um personagem profundo e com uma personalidade multidimensional, algo que só pode ser compreendido assistindo o filme.

Inclusive, todos os personagens são profundos. O sucesso internacional de Em Ritmo de Fuga já gera especulação sobre uma continuação, e o filme é tão bem planejado, que as oportunidades podem variar de spin-offs sobre os bandidos a uma prequela sobre os primeiros passos de Baby nesse mundo. Séries, livros, quadrinhos, todos podem ser criados a partir do filme, já que a obra é por si só é o primeiro capítulo de uma enciclopédia sobre um universo fictício que não deve deixar de ser explorado tão cedo.

Edgar Wright já é bem conhecido no universo cinematográfico com a “Trilogia do Sangue e Sorvete“, nome dado ao conjunto dos filmes “Todo Mundo Quase Morto“, “Chumbo Grosso” e “Heróis de Ressaca“. Posteriormente também foi responsável por “Scott Pilgrim contra o Mundo“. O que todos eles tem em comum? Além do senso de humor perverso de Wright, a música sempre foi elemento importante em suas obras. A evolução na forma como ele desenvolve cores com a história foi evoluindo juntamente com esses elementos, até que chegamos aqui. Edgar Wright está deixando uma marca no cinema, e essa marca pode facilmente revolucionar a forma como filmes são feitos.

E falando como filmes são feitos, cenas de perseguição de carros são descritas a anos por diretores como extremamente chatas. Um carro em frente a uma tela verde, e alguns outros efeitos menores, resultaram no que vimos nas telonas nas últimas décadas. Wright revolucionou isso em 113 minutos.
As cenas parecem reais porque são reais. Segundo o elenco, o medo que vemos nos rostos dos personagens nessas cenas também é real. Efeitos especiais são ótimos, mas a possibilidade de que não é necessário um orçamento milionário de 9 dígitos para criar um filme de ação, gera oportunidades para que mais filmes assim possam ser executados. A indústria ganha, e o expectador também.

O filme é extremamente detalhista, a ponto que assistir uma vez não é suficiente para reparar em tudo. Entre pequenos papéis interpretados por músicos e imagens de outros filmes (e até do clipe dirigido por Wright que compartilha a mesma história), Em Ritmo de Fuga é também uma grande propaganda pra quem tem interesse em expandir o conhecimento audiovisual.
Como se esses detalhes não bastassem, o diretor acidentalmente aparece em uma cena. Uma dica é que ele está andando enquanto segura um celular (que foi alterado digitalmente, já que na imagem original ele estava segurando um monitor acompanhando a gravação).

Resumindo, é um filme que não cansa, te mantém atento do começo ao fim, e provavelmente vai ser a única coisa da qual você vai querer falar após sair do cinema. Nunca foi feito um filme como Em Ritmo de Fuga.

Por Balde de Pipoca


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