Podemos dizer que 2015 tem sido um ano maravilhoso para a cantora Pitty. Ela, que dedicou o ano para promover o melhor trabalho de sua carreira até aqui, o sensacional Sete Vidas, consolidou a sua turnê como uma das mais eletrizantes deste 2015. Também, pudera, Sete Vidas, o álbum, é um petardo sonoro cheio de bons riffs de guitarra e um trabalho vocal intenso.
Entendendo as influências
Em muitas das entrevistas que a cantora deu desde o início de sua carreira, ela falou das influências que a fizeram tornar uma cantora de rock. Há aquelas que são mais comuns, que qualquer adorador da boa música possui, como Beatles, Ramones, Elvis Presley ou Cássia Eller. Entretanto, é fato que as grandes referências musicais da cantora tenham sido criadas na década de 1990, quando a então adolescente Priscilla Novaes Leone começou o barulhento processo de transformação para Pitty.
E os anos 1990 foram marcados basicamente pelo surgimento (e desaparecimento) do grunge americano. Bandas como Nirvana e Alice in Chains são sempre colocadas como influências pela cantora. Ouvindo os primeiros trabalhos dela, bem como seus shows, é possível perceber tais influências. Seu som, desde as letras até as melodias e também a vibe no palco, lembra muito esta atmosfera nascida em Seattle e que varreu o mundo enquanto Kurt Cobain (líder do Nirvana) ainda era vivo.
Além do grunge, duas influências dos anos 90 chamam atenção: primeiro o Metallica, banda que, em 1991, lançou o icônico Black Album, um dos trabalhos mais sensacionais dos últimos 30 anos e que certamente ajudou muitos garotos e garotas a se decidirem por tocar e cantar rock. Mas o grande destaque dos anos 90 veio em 1995, quando a canadense Alanis Morissette lançou Jagged Little Pill e simplesmente dominou o mundo por mais alguns anos. É impossível não relacionar o trabalho das duas cantoras; e isso é algo bom, pois ambas se tornaram mulheres poderosas que entraram em um universo que muitos ainda acreditam ser predominantemente masculino e venceram, convenceram e se consolidaram como grandes estrelas e referências.
Em termos de influências, dá para perceber também a atmosfera indie rock na veia da cantora. Lembro-me que em meados dos anos 2000 (2005) estava eu na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (no Festival Claro que é rock!) para assistir ao show da banda Placebo, uma das mais interessantes do rock britânico, e lá encontrei a Pitty, provavelmente uma admiradora do grupo e do gênero ao qual o grupo pertence. Desta mesma leva, certamente a cantora tem afeição por grupos como Queens of The Stone Age, Muse, Mars Volta e outros interessantes exemplos.
Pitty, antes de começar seu bem sucedido trabalho solo, passou pela banda Shes (1998) e a hardcore Inkoma (98-2000). Isso lá em Salvador, onde a cantora aproveitou para fazer faculdade, entrando na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Depois daí, resolveu apostar em um trabalho seu, autoral e lançou o arrasador álbum Admirável Chip Novo, de 2003. Junto com o Anacrônico, trabalho seguinte, de 2005, os discos venderam mais de 350 mil cópias e renderam nove prêmios no extinto Vídeo Music Brasil, cinco prêmios Multishow de Música Brasileira e apresentações que correram de Portugal ao Japão.
A partir deste momento, a sua carreira passou a ser observada e acompanhada por milhões de fãs, então chega a ser desnecessário contar o que aconteceu. O fato é que podemos bater o martelo e sacramentar a cantora como principal representante do rock feminino no país, e, sem pensar em questões de gênero, Pitty pode ser considerada tranquilamente um dos grandes nomes do rock brasileiro.
Por Cabine Cultural





























