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O Legado de Júpiter: Conheça a nova super série da Netflix


Uma série que traz um universo clássico de super heróis, que ao mesmo tempo, não partilha muito das problemáticas tradicionais

HQ’s amplamente conhecidas pelo público, Kick-AssKingsmanGuerra CivilO Velho Logan e Superman: Entre a Foice e o Martelo, são todos quadrinhos roteirizados por Mark Millar, que se destacaram por quebrarem paradigmas no mundo dos gibis. Todos esses, possuem ao menos uma adaptação de sucesso nos cinemas (com exceção de Entre a Foice e o Martelo. Mas esta, ainda ganhou uma versão animada em 2020). Adaptar os materiais escritos por Millar parece ser sinônimo de sucesso, e eis que então a Netflix adquiriu os direitos para se basear nos materiais publicados pelo selo Millarworld, do próprio. O Legado de Júpiter é a primeira série produzida com a aquisição, e se passará em um universo clássico de super heróis, que ao mesmo tempo, não partilha muito das problemáticas tradicionais.

A União é a aliança que compõe o equivalente à Liga da Justiça, da DC, no universo de Millar. Fundada pelos maiores heróis da terra, tem como membro alfa, Sheldon Sampson, o Utópico. E como bem propõe o seu codinome, Utópico é a encarnação do arquétipo Leal/Bom, uma figura totalmente devota ao conceito de altruísmo e moral inabalável. Essa linha, norteia não só Sheldon, como (até então) todo o panteão dos heróis originais, mas acontece que a história principal se passa no presente, e a União surge no ano de 1930. Logo, com o tempo, tal conduta passou a ser questionada, principalmente na contemporaneidade, havendo forte tensão ideológica entre membros da União. Essa é a questão que norteia um dos principais debates da obra, pois a moral de Utópico ordena que heróis não hajam como deuses ou líderes, e sim como inspiração, interferindo na vida humana apenas quando for impossível que ela se salve sozinha. Todavia, até onde vão os benefícios e malefícios dessa “neutralidade parcial”? Um super pode desviar um meteoro da terra, ou conter um super vilão… porém, o que se deve fazer com tanto poder quando mortes são causadas por política e economia? Os heróis de O Legado de Júpiter usam a ideia de “Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, justamente para discutir quais são essas responsabilidades.

Conjuntamente, a segunda problemática provém do choque de gerações entre os super heróis e seus filhos. Brandon e Chloe são os filhos de Utópico, contrastando com a velha guarda em quase tudo. Espera-se de Brandon, constantemente lembrado do quão valoroso é seu pai , que ele atinja um patamar tão divino quanto o próprio, e assuma o manto de Utópico. Chloe, por sua vez, passa por dilemas e problemáticas igualmente complexas, chegando a negar o manto das responsabilidades de herói, por querer simplesmente viver sua vida ao seu modo. Obviamente estamos falando de personagens frustrados, que não atingem as expectativas impostas, e frequentemente sequer tem a chance de escolher o tipo de pessoa, ou herói, que gostariam de ser. A questão dos códigos morais também se faz presente aqui, e se integra ao de choque entre as gerações, onde os herdeiros questionam a tradição e problematizam o legado.

Em uma roupagem que concilia as referências à cultura pop e o classicismo da atmosfera super heroica, com abordagens um pouco mais atípicas e até questionadoras, a série promete trazer uma nova resposta ao gênero, que agora pede por reinvenção. Ao mesmo tempo, talvez o que seja mais animador, é a possibilidade de ver algo que também não caia em uma desconstrução de arquétipos, de modo idêntico à que The Boys faz. Apesar de prometer chacoalhar a moral dos heróis e trazer sim, cenas graficamente mais adultas, ela pode manter uma estética popular e deixar o frescor a cargo do trabalho mais “cabeça” em torno das inúmeras psiques.

Um trunfo da série está na complexidade de seus personagens, com foco especial para a dinâmica entre Walter/Onda-Cerebral (Ben Daniels) e Sheldon/Utópico (Josh Duhamel), irmãos que possuíam uma relação conturbada nos anos 30 e agora fazem parte de uma parceria de sucesso como super-heróis fundadores da União . Mesmo não sendo os protagonistas, o núcleo dos heróis mais jovens também vale ser mencionado, enquanto uns anseiam em chegar no patamar que seus pais e ídolos estão, outros sofrem com a pressão que a sociedade e esses poderes colocam em seus ombros.

Apesar de seus problemas, a serie diverte com suas cenas de ação e traz consigo discussões morais pertinentes que não são muito comuns em séries do gênero. A temporada acaba em seu ponto alto com a promessa de uma história mais dinâmica e interessante para o futuro. Com o universo agora introduzido, o céu é o limite para O Legado de Jupiter, disponível na Netflix em 07 de Maio.

Por Balde de Pipoca


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