Há pouco mais de um ano, eu estava nesse mesmo site escrevendo sobre o álbum de estreia do Fifth Harmony, Reflection. Nessa época, o grupo era uma aposta. Ninguém – nem o mais otimista dos fãs – achava que o álbum transformaria o 5H em um grupo multi platinado e com um grande hit mundial. “Worth It” chegou ao top 15 da parada americana e cansou de tocar nas rádios pelo mundo afora e se tornou o principal hit da carreira das meninas até então.
O desafio com 7/27? Afastar possíveis rumores de separação, a tarefa de render no mínimo mais um hit para não serem conhecidas como ‘one hit wonder’ e ser fiel a uma identidade como grupo.
O próprio nome do álbum já consegue afastar, nem que seja um pouquinho, a ideia de separação. O nome estrategicamente se refere a data em que o Fifth Harmony foi formado, 27 de julho de 2012, no The X Factor USA. A postura como grupo também melhorou desde o início de divulgação do álbum. Sobre a história de ser ‘one hit wonder’… A segunda faixa, “Work From Home” anula completamente essa possibilidade: primeiro top 5 de um grupo feminino nos EUA desde as Pussycat Dolls com “Buttons”, em 2006. Sem contar uma estabilidade nas paradas de sucesso mundiais.
Em comparação com o debut, 7/27 apresenta um material mais coerente e uma divisão de solos mais justa, apesar de ainda não conseguir solos iguais para todas as integrantes faixa à faixa, como é o caso de Ally em “I Lied”, uma das mais radiofônicas do álbum. E não é por falta de talento, já que a voz versátil da cantora cai como uma luva em vários estilos, principalmente nas mais lentas, caso de “Gonna Get Better”, que usa muito bem os vocais de cada uma, mas o destaque sem dúvidas vai para Ally.
Dinah fica com a liderança em “All In My Head (Flex)” e com o refrão da romântica “Squeeze”. Com uma vibe caribenha e totalmente dançante, “Flex” é a segunda música de trabalho. A escolha do rapper Fetty Wap (conhecido por “Trap Girl”) para o featuring ajudou a música a ser uma das mais fortes do álbum. 7/27 conta também com a participação de Missy Elliott em “Not That Kinda of Girl”, que tem uma influência bem forte das músicas da Janet Jackson e é uma das faixas onde Camila tem mais destaque.
Ao contrário do papel que exercia em Reflection, Camila não é lead na maioria das músicas, mas seu timbre diferenciado é explorado em “The Life” ,“Scared of Happy” e “I lied”. O oposto do álbum de estreia também acontece no caso de Lauren. Ela passa de mera backing vocal a lead de várias faixas, destaque para “No Way” que seria descartada se não fosse por ela. “No Way” é responsável por um lado vulnerável que não foi apresentado no primeiro álbum.
Normani, que é unanimidade nas performances, merece destaque por sua evolução notável na versatilidade apresentada no álbum como um todo, especificamente em “That’s My Girl”, “Dope” e na já conhecida “Write on Me”.
Aparentemente, o grupo cresce a cada trabalho acompanhando o investimento da gravadora que passou a tratar o Fifth Harmony como um dos principais artistas do seu catálogo.
A postura como grupo também vem melhorando com o tempo. A identidade não é algo uniforme, o que tanto o grupo quanto os fãs mais destacam é que as 5 integrantes não seguem uma fórmula padrão, nem de personalidade, nem com a aparência. E a diferença de cada uma é explorada de uma forma mais coesa e organizada do que no primeiro álbum. Destaque para finalmente uma composição própria e para as faixas mais lentas, mostrando o potencial vocal das integrantes claramente. Se o Reflection foi um ótimo primeiro voo, Fifth Harmony tem no 7/27 a estabilidade com maturidade que tanto precisavam.
Fifth Harmony – 7/27
Lançamento: 27 de maio de 2016
Gravadora: Epic Records
Gênero: Pop/R&B
Produção: Stargate, Max Martin, Kygo, Tinashe
Faixas:
01 – That’s My Girl
02 – Work From Home (feat. Ty Dolla $ign)
03 – The Life
04 – Write On Me
05 – I Lied
06 – All In My Head (Flex) (feat. Fetty Wap)
07 – Squeeze
08 – Gonna Get Better
09 – Scared of Happy
10 – Not That Kinda Girl (feat. Missy Elliott)
[Edição Deluxe]
11 – Dope
12 – No Way
Por Emille Rocha, do Audiograma