O Rock in Rio está vindo com tudo e, com ele, algumas feras da música que ajudaram a inaugurar o evento lá atrás, em 1985. Num cenário de transição política após a ditadura, o público brasileiro foi à loucura com a apresentação do Queen em sua turnê do álbum The Works. O festival estava em fase embrionária e os caras foram os primeiros a fechar com o evento, e até emprestaram equipamentos para que outros músicos pudessem se apresentar. O show de 1985 foi memorável e o próprio Freddie Mercury reconheceu aquela performance de “Love of my life” como uma das melhores feitas pela banda até então. “Nós ficamos chocados com o público que cantava cada letra de cada música. O Brasil criou algo muito especial naquela noite”, relembra o guitarrista Brian May, em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, no último dia 10 de setembro.
Trinta anos depois, o Queen retorna ao Brasil para se apresentar no evento, no dia 18 de setembro, desta vez tendo como frontman o novato Adam Lambert, dotado de uma voz poderosa e uma carreira recente na música pop. Após três décadas e a reconfiguração do grupo, as expectativas para o show não são menores. “É muito nostálgico para nós. Somos muito sortudos, 30 anos depois e ainda podemos fazer isso”, conta May. “Eu percebo que vão ter algumas pessoas lá, que nos viram em 1985, hoje com seus filhos, talvez netos”, diz ele.
Com o “intruso” na banda, as comparações entre Freddie e Adam são inevitáveis, mas o grupo não se deixa abalar pela controvérsia. “Acho que é muito importante que as pessoas coloquem na cabeça que o Adam não está tentando ser o Freddie, em qualquer aspecto, e as pessoas é que vão julgar quando nós tocarmos”, diz Roger Taylor, baterista do Queen. Brian define a principal semelhança entre os dois vocalistas: “Quando Freddie entrava no palco, algo acontecia. Acho que a melhor coisa sobre ele era a sua conexão com o público. E o Adam tem isso”.
O garoto reconhece que está bem distante do ídolo, mas não se deixa intimidar. “Gostaria de saber tocar piano e compor como ele, pois ele não era apenas um cantor, era um compositor incrível”. Ele afirma que está preparado para lidar com as altas expectativas: “Nós já fizemos isso ao redor do mundo, eu estou empolgado, pronto para me conectar com os fãs brasileiros. As expectativas sempre foram altas, especialmente hoje, com todo mundo com seus celulares e gravando tudo, todo mundo vê tudo em todo o lugar”.
O grupo quer surpreender o público e garante que a memória de Freddie será celebrada no show de sexta feira. “Nós temos alguns momentos especiais planejados que envolvem Freddie, então ele vai ser parte do show. Nós criamos tudo isso com ele, então a presença dele é muito forte”, conta Brian. Adam também comenta a importância do artista na sua própria formação como cantor: “É importante ter a presença dele. Ele é presente pra mim em cada música, porque é assim que eu conheci o Queen… Nós estamos celebrando a banda, esses caras são os originais”.
Veteranos dos palcos, Brian e Roger ainda tocam a pleno vapor e contam sobre seu amadurecimento como músicos: “Roger e eu aprendemos muito em 30 anos, acho que nós podemos tocar melhor do que jamais pudemos e isso vem da maturidade… somos uma entidade viva, nós não somos um fóssil, somos ainda uma banda em desenvolvimento”, completa Brian. Eles prometem que o show contará com hits, mas que também abrirão espaço para canções menos conhecidas.
Por Karina Balan Julio / Cabine Cultural em parceria com a Midiorama
