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Resenha: Delirium, Ellie Goulding


Em seu terceiro disco de inéditas, a britânica se mostra mais confiante e dançante, no entanto, características naturais como o apelo a espiritualidade continuam intactos

Ellie Goulding surgiu da forma como ela mesma se apresenta ao público: tímida e ainda assim espetacular. Não se trata de uma cantora representante do movimento “girl power”, ou até mesmo com alcance vocal tão grande a ponto de fazer o público diverso (não fã) comprar seus discos assiduamente. Até o ano passado, quando a cantora tinha um hit, era porque a música era boa o suficiente para as massas.

E isso é normal, pois, mesmo estando presente na música pop, seu trabalho permeia também em sons claramente experimentais. Passados já dois discos, sendo um relançado, a artista retorna em 2015 com maior apelo comercial, mas ainda assim fazendo a linha indie do cenário pop mainstream, e ele se chama Delirium.
Assim como a artista, o novo disco se trata de um projeto tão atraente nas vertentes som e imagem, que pode até ser um pecado não se entregar às baladas e experiências do disco. Quando damos o play no CD, temos a sensação de liberdade e isso acontece por conta dos efeitos sonoros que nos induzem a imaginar um lugar calmo e aberto. Sonoramente é isso, no entanto, Delirium ganha proporções maiores a partir do momento em que suas letras retratam, na maioria das vezes, relacionamentos que prendem a artista a uma condição. Numa interpretação nossa, é como se, mesmo com dificuldades, o sentimento de estar livre soasse predominante. E isso consideramos um máximo.

No decorrer do disco, deparamos com número grande de faixas agitadas, sendo algumas de destaque: “Aftertaste”, “Keep On Dancin'” e “Holding On For Life”. Nestas músicas, podemos observar com facilidade a forma com que a voz de Ellie, que não é forte e também não tem alcance grande, tem ajuda de corais para potencializar os refrões. Isso não é um demérito, pois devido às condições provavelmente impostas por sua gravadora, mais público precisa “comprar” a ideia de suas músicas. Além disso, o aspecto sonoro dessas músicas valorizou a cantora de certa forma. Parece mais atraente e, mesmo que com características mais comerciais, os projetos não passam despercebidos quanto pontos positivos no Delirium.
Com as baladas, a história é um pouco diferente. Ellie não tem potência vocal nata, por isso recebe a ajuda dos corais. Para as faixas agitadas, um elogio; para as mais lentas, uma incerteza. As músicas não pegam, não são ruins, mas também não acrescentam tanto em comparação com as músicas de ritmo acelerado. “Love Me Like You Do”, para nós, é uma exceção. A faixa promocional divulgada com um ano de diferença para o disco transmite com naturalidade e simplicidade suas características artísticas. Tem carisma, sentimentalismo profundo e ainda assim soa sexy. Da mesma forma, não soa do mesmo jeito que ouvir as demais canções. O fato dela já estar disponível desde 2014, não há encanto em escutar a música em meio a novidades.

Por que ouvir o Delirium? Não é excelente, mas também não é ruim. Se analisarmos o disco, faixa a faixa, podemos constatar que estamos de frente para um álbum muito coeso e alinhado com o que as rádios reproduzem hoje. Ou seja, é comercial, no entanto não é genérico. Mesmo que diferente de outros trabalhos da cantora, não há deméritos evidentes no disco a ponto de apedrejá-lo. Música é uma arte, mas também é produto, e por isso deve vender. Claro que, quando balanceado, feito música pela arte e ainda assim ter potência com as massas é maravilhoso, e cremos que Ellie tem total competência de produzir algo assim. O empecilho é a gravadora, muitas vezes.
Este foi, provavelmente, o fator que contribuiu com as, nada esperadas, críticas a respeito do álbum. Delírium é um álbum que tem potencial suficiente para emplacar novos hits e consolidar ainda mais a carreira da artista, no entanto, da mesma forma como sentimos que o disco tem informação demais, sentimos falta de algo. Há buracos na produção que gostamos de chamar de baladas. È legal acreditar que, mesmo com essa incerteza, todo o trabalho posto em jogo resulta em uma experiência acima do comum para uma cantora que, até o ano passado, sofria dificuldade para emplacar singles nos EUA.

Nota: 7

 

Por Lucas Rodrigues / Play It And Listen

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