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Rolling Stones no Maracanã: 66 mil pessoas assistiram a vitória do rock and roll


Saiba como foi o show dos Rolling Stones no Maracanã

Esta semana eu li uma frase que definia o show dos Stones da seguinte maneira: “é uma história contada pela própria história“. Pensando bem, essa definição faz total sentido nos dias de hoje, com as recentes perdas de gente como David Bowie, Lemmy Kilmister e B.B. King. Só que quando avaliamos o tema com mais profundidade, nos deparamos não só com a obra musical dos caras, mas com tudo o que cerca seus mais de cinquenta anos de estrada. O mito criado em torno de Keith Richards, por exemplo, não se resume apenas ao riff bestial de “Satisfaction“, e sim, a sua lendária trajetória de vida, na qual estar em cima de um palco, é para seus fãs, uma vitória indiscutível do rock and roll. E os Rolling Stones representam isso: o triunfo da lenda “sexo, drogas e rock and roll” para toda uma geração.

Ao todo, 66 mil pessoas estiveram presentes no palco sagrado do Maracanã, para assistir o que muitos consideram ser o “maior espetáculo da terra”. Essa não foi a primeira vez que os Stones estiveram no estádio, mas pode sim, ser a última. A turnê Olé está sendo vista pelos fãs latinos como a excursão de despedida do grupo no continente. No entanto, quem assistiu o show da banda no Rio, saiu com a certeza absoluta que não há idade avançada capaz de reprimir Jagger, Richards, Watts e Wood.

O super hit “Start Me Up” foi o início de um irrefutável passeio de sucessos e musicalidade. “E aí Cariocas? Há exatamente dez anos, a gente tocou em Copacabana. Quem foi?”, indagou Jagger, mostrando estar cada vez mais íntimo da língua portuguesa, mesmo que utilizando a ajuda de um teleprompter. Aliás, o cantor continua surpreendendo por sua forma física. Aos 72 anos de idade, ele mantém o mesmo fôlego, punch e voz de outrora. Os trejeitos característicos ficam evidentes na ótima “Out Of Control” que, inclusive, é uma das canções mais recentes do repertório, lançada há quase duas décadas. Nessa música, também salta aos ouvidos o bom trabalho de backing vocals, com a simpática Sasha Allen no lugar da veterana Lisa Fischer. Sasha também teria o seu momento de brilho, em uma versão arrasadora de “Gimme Shelter” – já na parte final do show.

Mick Jagger (Crédito: Vinicius Pereira)

“Vocês votaram nessa canção”, disse Jagger, ao anunciar a arrasa-quarteirão, “Like A Rolling Stone” (em todos os shows da turnê, a banda disponibilizou algumas músicas para os fãs escolherem a sua preferida). No único momento de isqueiros (ops, celulares) da apresentação: “Angie” – do subestimado e delicioso Goats Head Soup – rendeu uma versão acústica das boas e, para a alegria dos fãs que estavam em setores mais distantes do palco, Jagger enfim estreou a passarela que cortava a pista vip.

Completamente ovacionado, Keith Richards teve seu momento particular ao cantar duas canções: “You Got The Silver” e “Before They Make Me Run“, e tirou do público um sonoro “Olê olê Richard”, que ecoou em todos os cantos do anel sagrado do Maraca. O mesmo acontece com Charlie Watts, que ainda encanta por sua levada icônica dos bateristas característicos do blues, cheia de sutileza e técnica. Por falar nisso, é bom ressaltar o fantástico time de músicos que acompanham a banda. Em “Miss You“, por exemplo, Darryl Jones arrancou aplausos com um solo de baixo arrepiante. Já Karl Denson foi o grande responsável por abrilhantar canções de fino gosto, como “Midnight Rambler“, do álbum mais citado da noite, Let it Bleed (que teve quatro faixas lembradas).

Em “Sympathy For The Devil“, talvez o momento de maior destaque do número, Mick Jagger, vestido com uma polpuda capa vermelha, deu um tom de inferninho no palco, que também contou um lindo efeito de imagens – em altíssima definição – nos telões. Com luzes vermelhas, o público cantou forte o refrão, dessa que é uma das faixas mais conhecidas de todos os tempos. Por falar em telões e luzes vermelhas, o palco teve um design customizado, mas com pouco impacto. Inclusive,  não deu para entender o porquê dos fogos de artifício estarem atrás das torres de apoio, na lateral. Nas únicas vezes que a banda utilizou este efeito (na abertura e no final), uma parte do público não conseguiu ver direito.

Na volta para o bis, eles contaram com um coral da PUC em “You Can’t Always Get What You Want“, e fecharam a apoteótica noite na já esperada pela maioria, “Satisfaction” – com direito a Keith Richards no canto do palco, praticamente ajoelhado, fritando sua guitarra para centenas de celulares ligados – um momento único, que resume de forma magistral o triunfo do rock and roll, chamado The Rolling Stones.

Setlist: Start Me Up / It’s Only Rock N’ Roll (But I Like It) / Tumbling Dice / Out of Control / Like a Rolling Stone / Doom and Gloom / Angie / Paint It Black / Honky Tonk Women / You Got the Silver / Before They Make Me Run / Midnight Rambler / Miss You  / Gimme Shelter / Brown Sugar / Sympathy for the Devil / Jumpin’ Jack Flash / You Can’t Always Get What You Want / (I Can’t Get No) Satisfaction

Por Bruno Eduardo


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