A cerimônia de entrega do Oscar, considerado o maior prêmio do cinema americano, ainda está longe de acontecer. Contudo, é nessa época de fim de ano que os filmes que foram lançados em festivais – e elogiados pela crítica – começam a chegar ao grande público, nessa que é a grande prova de fogo para cineastas, atores, atrizes e todos que trabalharam nas produções que chegam aos cinemas.
Nos dois últimos anos, o Oscar foi muito criticado (com razão) pela falta de diversidade entre os seus indicados. Na edição 2016, pelo segundo ano consecutivos, somente atores e atrizes brancos foram nomeados nas categorias de atuação; somente homens foram indicados na categorias de atuação, sendo todos eles brancos; nas categorias de roteiro e documentário, mesmo com algumas obras sendo sobre vidas negras, as pessoas brancas por trás delas é que foram indicadas. Isso fez com que a hashtag #OscarsSoWhite, ou “O Oscar é muito branco”, voltasse para um segundo ano. Foi o tipo de sequência que ninguém queria.
Mas se houve um ponto positivo em toda essa discussão, foi o fato de que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), responsável pela premiação, se mobilizou e começou a mexer na estrutura de sua organização, a qual ainda é muito branca e masculina. Em junho passado, a Academia convidou 683 novas pessoas para fazer parte do corpo de membros. Desses 46% eram mulheres e 41% eram pessoas não-brancas. Embora os números sejam altos, eles ainda estão longe de tornar a instituição igualitária, porém, é um passo acertado na direção de uma mudança tão necessária e urgente. E essa é uma lição que Hollywood como um todo deveria aprender, afinal, a indústria cinematográfica não é tão diversa e inclusiva como se pensa.
Dito tudo isso, alguns filmes já estão sendo considerados pela crítica especializada como favoritos para a edição 2017 do Oscar. E o mais bacana de tudo é que muitos deles possuem um elenco e histórias diversas, o que nos dá uma pequena esperança de que não teremos uma trilogia de #OscarsSoWhite no ano que vem. Confira alguns deles:
Jackie
“Jackie”, protagonizado por Natalie Portman, traz um olhar sobre os últimos dias na Casa Branca de Jacqueline Kennedy, esposa do então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, o qual foi assassinado enquanto desfilava em carro aberto pelas ruas de Dallas, no Texas, em 1963.
Premiado nos festivais de Veneza e Toronto, “Jackie”, deve garantir uma indicação ao Oscar para Natalie Portman, que já ganhou uma estatueta dourada em anos anteriores por seu trabalho em “Cisne Negro”.
La La Land: Cantando Estações
“La La Land”, do diretor Damien Chazelle, é um musical estrelado por Ryan Gosling e Emma Stone, e traz um casal de artistas tentando realizar seus sonhos na cidade de Los Angeles.
O filme tem colecionado prêmios e elogios por onde passa, e é um dos favoritos em 2017. Já há quem especule que o filme ganhe nas categorias de ‘Melhor Atriz’ (Emma Stone), ‘Melhor Direção’ e ‘Melhor Filme’. Vamos aguardar para ver.
The Birth of a Nation
O filme do diretor Nate Parker, que também protagoniza a obra, reconta um episódio pouco conhecido na história americana: uma revolta dos escravos liderada pelo também escravo Nat Turner, o qual atuou no Estado da Virgínia, em 1831.
“The Birth of a Nation” foi exibido no Festival de Sundance, no começo do ano, e a Fox Searchlight comprou os direitos de exibição do filme, que desde então tem sido um forte concorrente ao Oscar. Contudo, antigas acusações de estupro contra Nate Parker podem minar as chances do longa de conquistar alguma indicação ao prêmio em 2017.
Estrelas Além do Tempo
“Estrelas Além do Tempo” traz outra história não-contada: as três mulheres negras que foram responsáveis por levar o primeiro homem para a órbita da Terra.
Seu lançamento estava previsto para apenas janeiro do ano que vem, mas a Fox o adiantou para dezembro deste ano, permitindo que ele seja elegível para o Oscar do ano que vem.
Fences
“Fences” é a adaptação cinematográfica para a peça de teatro de mesmo nome de August Wilson, que também foi protagonizada por Viola Davis e Denzel Washington, os quais saíram premiados por seus trabalhos.
A história do pai de família, ambientada na década de 50, tem chances de concorrer ao Oscar, e já é possível prever que Viola Davis levará uma estatueta dourada, já que ela desistiu de concorrer à categoria de ‘Melhor Atriz’ e decidiu tentar ‘Melhor Atriz Coadjuvante’.
Loving
Apresentado em Cannes, “Loving” conta a história real de Richard (Joel Edgerton) e Mildred Loving (Ruth Negga), um casal inter-racial que viveu em uma época em que pessoas negras e brancas não podiam se casar no Estado da Virgínia. Os dois foram exilados e travaram uma luta para ter o seu amor reconhecido e para que pudessem voltar para casa.
Essa linda e corajosa história de amor deve render a Ruth Negga uma indicação na categoria de ‘Melhor Atriz’.
Animais Noturnos
Protagonizado por Amy Adams e Jake Gyllenhaal, “Animais Noturnos” narra a história de uma mulher rica e casada, que recebe o manuscrito de um livro escrito por seu primeiro marido. Ao lê-lo, ela descobre tristes verdades sobre si mesma, e acaba desenterrando traumas vividos.
Amy Adams já foi indicadas diversas vezes ao Oscar, mas será que agora vai? “Animais Noturnos” foi premiado no Festival de Veneza.
20th Century Woman
Annette Bening, Greta Gerwig e Elle Fanning estrelam esse filme que deve render à primeira uma chance ao Oscar no ano que vem.
O filme é sobre Dorothea (Annette), uma mãe que tenta criar seu filho para que ele seja um bom homem, e pede ajuda para mulheres de diferentes gerações.
Manchester à Beira-Mar
“Manchester à Beira-Mar” foi exibido no começo do ano, no Festival Sundance, e é um drama familiar que traz Casey Affleck no papel principal. Ele vive um homem que é forçado a voltar à sua terra natal para cuidar de seu sobrinho, cujo pai (e seu irmão) faleceu. Lá, ele precisa lidar, também, com o que o fez deixar tudo para trás e tentar a vida em outro lugar.
Florence – Quem É Essa Mulher?
Não dá para falar de Oscar sem falar de Meryl Streep, né? Em “Florence”, ela dá vida a Florence Jenkins uma rica mulher, que tenta uma carreira como cantora de ópera, porém, ela não sabe cantar, mas ninguém à sua volta lhe diz a verdade.
Talvez não seja o papel mais memorável de Meryl, mas não dá para negar a força de sua atuação, e que ao menos uma indicação ao prêmio em 2017 ela consiga garantir.
Moonlight
“Moonlight” é um filme do diretor Barry Jenkin, e que conta a história de um jovem negro que começa a entender sua sexualidade, em um meio a um ambiente de criminalidade e violência. Não só isso, o longa faz um questionamento importante sobre a construção da masculinidade.
A sensibilidade da obra pode garantir um espaço entre os indicados de 2017.
Lion
“Lion” traz a emocionante história do rapaz indiano que se perdeu de seu irmão quando ainda era pequeno em uma estação de trem na Índia. Ele foi adotado por uma família australiana, com quem viveu quase toda sua vida, mas decide sair em busca de sua família biológica, mesmo sem saber onde e como encontrá-la.
*Por Artur Francischi do Prosa Livre