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Sobre Pearl Jam, Maracanã e o melhor show da vida de 50 mil pessoas


Saiba como foi o último show do Pearl Jam no Brasil

Lá estava Eddie Vedder com sua bermuda surrada e casaco de flanela, trepado numa plataforma do palco durante a visceral “Why Go”. Você pode até pensar que estamos falando de alguma cena retirada de apresentações ocorridas em 1991/1992, mas não. O ano é 2015 e trata-se apenas de uma noite histórica para cinquenta mil pessoas.

O início nostálgico com “Oceans”, a óbvia “Corduroy” e mais duas músicas do álbum No Code (“Present Tense” e “Hail Hail”) deixaram a impressão de que este seria um show dedicado aos fãs das antigas. A coisa fica ainda mais séria quando você descobre que eles tocaram sete das onze músicas de Ten, seu lendário disco de estreia. Só que, conhecendo uma banda como o Pearl Jam, sabemos que tudo pode ser mutável ao ponto de desconfiarmos realmente se eles vão seguir qualquer ordem de músicas escolhidas no camarim. É por isso mesmo que ninguém arreda o pé do estádio já com todas as luzes acesas. Até o último acorde, sempre vai existir a esperança daquele hit antigo ou daquela canção que eles nunca tocam.

Mas como refutar canções óbvias e igualmente cortantes, como “Do The Evolution”, “Mind Your Manners” e a pedrada à la Bad Religion, “Save You”? Não tem como.

“Meu inglês melhorou um pouco, mas continua uma merda. Deve ser pelas coisas que ando lendo no camarim, como: Não joguem coisas no vaso sanitário” – Eddie Vedder

Uma versão aceleradíssima de “Even Flow” marcou a segunda fase da apresentação, que seguiu na massacrada – pelas rádios – “Sirens”, e na sempre bem vinda, “Given To Fly”. Houve também uma seqüência punk com “Comatose”, “Lukin”, e uma cover do grupo Eagles Of Death Metal.

“Vocês conseguem ver a lua daí?”, perguntou Vedder, antes de iniciar a série acústica do show com “Yellow Moon”. Neste momento, o frontman reservou seu tempo aos discursos – sempre com a ajuda de rascunhos – e leu alguns cartazes de fãs que estavam na grade. Ele também dedicou a música “Just Breath” para uma fã que completava vinte e dois anos de casada e pediu celulares acesos para relembrar a tragédia em Paris ao som de “Imagine”, de John Lennon.

Daí para frente, foi uma sucessão de hinos consagrados. “Jeremy”, “Why Go” e “Black”, de Ten, além de outros clássicos da história do rock, como “Comfortably Numb”, do Pink Floyd, e a já sacada “Rockin’ in The Free World”, de Neil Young. Em “Porch”, talvez o momento mais emocionante do show, Eddie Vedder convidou um fã para cantar com ele. Conhecido como vocalista de uma banda cover de São Paulo, chamada Lost Dogs, Eddu ainda bebeu vinho com o ídolo e ganhou um beijo de aniversário. No fim da música, Eddie Vedder invadiu a multidão e cantou no meio do mar de cabeças que se espremia na pista.

Como não poderia faltar, “Better Man”, anunciada por Vedder como a canção triste do show, e “Alive”, completaram um número emocionante, que chegou ao fim no fraseado sublime de “Yellow Ledbetter”. A banda ainda fez um brinde regado a cachaça brasileira para batizar a melhor turnê da banda no país.

No fim, escuto uma resenha de fãs na saída do estádio:

“Não rolou ‘Daughter’, pô!”, diz um fã. O outro responde: “Nem ‘Animal’, ‘Go’ e “Immortality”. Uma menina que estava passando, ouve a conversa e interrompe: “Vocês queriam que eles tocassem cem músicas?”. “Sim”, respondem às gargalhadas. Ela olha para os dois, balança a cabeça negativamente e encerra a discussão: “Fã de Pearl Jam é muito mal acostumado mesmo”.

Setlist

1- Oceans
2- Present Tense
3- Corduroy
4- Hail, Hail
5- Mind Your Manners
6- Do the Evolution
7- Amongst the Waves
8- Save You
9- Even Flow
10- Who You Are
11- Setting Forth
12- Not for You
13- Sirens
14- Given to Fly
15- I Want You So Hard (Boy’s Bad News)
16- Comatose
17- Lukin
18- Rearviewmirror
Bis
19- Yellow Moon
20- Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town
21- Just Breathe
22- Imagine
23- Jeremy
24- Why Go
25- The Fixer
26- Porch
Bis
27- Last Kiss
28- Comfortably Numb
29- Spin the Black Circle
30- Black
31- Better Man
32- Alive
33- Rockin’ in the Free World
34- Yellow Ledbetter

Por Bruno Eduardo, Rock On Board


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