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A Ana Carolina me deu a mão (metaforicamente)


Quando decidi contar a minha história sobre meu ídolo, comecei a me perguntar o que na verdade é ser fã. Ser fã consiste no ato de admirar alguém, mas ser fã também exige dedicação e muito amor. Um amor muitas vezes inexplicável para aqueles que não compartilham do mesmo “fanatismo” que você.

O fã se espreme com outros fãs ou com a grade ou com o palco, até com os seguranças para ficar um passo mais perto do ídolo. Mas ser fã de alguém faz parte da vida, e dá um entusiasmo que só aquele artista pode te transmitir. Seja nos pulos descontrolados durante os shows ou naquele tchauzinho que você jura que foi só para você, mesmo em um Maracanã lotado o aceno era seu, e vamos deixar que seja assim.

Eu fui fã. Fui fã de muita gente. De Xuxa à Kelly Key. De Sandy (naquela época ainda com o Júnior) ao John Lennon. De Christina Aguilera ao Bon Jovi. A cada fase da vida, era fã de alguém. E passada a adolescência, achava que não seria mais fã de ninguém. A admiração por vários artistas continuava a existir, mas a corrida frenética para cumprir a agenda de shows havia acabado. As coleções intermináveis de revistas, CDs, DVDs, camisas não mais faziam parte da minha vida. Então, por acaso, acabei encontrando uma nova artista para admirar. Não para ser fã de carteirinha, apenas para admirar e acompanhar o trabalho.

Tudo começou em 2009. Aos 21 anos, me descobri diabética tipo 1. Foi um momento muito delicado, havia perdido mais de 20 kg em um espaço muito curto de tempo. Com autoestima baixa e sem força física para realizar atividades simples, entrei em um estado de tristeza profunda. Nada, absolutamente nada, me animava. Ainda debilitada, minha vida se resumia a assistir DVDs, e certo dia meu noivo trouxe um show da Ana Carolina, o DVD Dois Quartos. Já conhecia o trabalho da Ana, aliás, qual brasileiro não conhece? Mas conhecia muito pouco, somente as músicas do CD Perfil que tocava no carro do meu pai.

Fiquei admirada com o show em DVD e lembro de ter comentado: “Eu preciso ir ao show dessa mulher!” . E fui! Consegui comprar, meio que de última hora e quase que os dois últimos ingressos para o show N9ve no Citibank RJ.

Ao chegar ao show absurdamente lotado, com uma plateia apaixonada e enlouquecida, eu percebi que não fazia ideia da emoção que a Ana despertava nas pessoas. Então ela chegou ao palco cantando “Que se danem os nós” e daí uma sequência de músicas que só ela sabe cantar. Nem tentei acompanhar. Fiquei o show inteiro admirando a voz, a habilidade inquestionável com o violão e os 80 pulmões que ela deve ter. (rs)

Cheguei em casa às 2 da manhã, falando com habilidade de narrador de futebol para contar todos os detalhes do show para os meus pais. Era a primeira coisa havia me deixado entusiasmada novamente depois dos problemas dos meses anteriores.

O dia e as semanas seguintes foram de sair para comprar todos os CDs da Ana que eu pudesse comprar, dia de me aprofundar na sua história de carreira e de vida. E foi então que descobri que a Ana também era diabética tipo 1 e que havia descoberto a doença ainda mais cedo que eu. Comecei a assistir vídeos nos quais ela mencionava o assunto, e foi nesse momento que comecei a ver a Ana como um espelho para a minha vida. A cada momento que estava chateada com a falta de melhora eu assistia um DVD de algum show dela, e de alguma forma, aquilo me fazia sentir melhor.

Ela estava bem. Muito bem. Trabalhando, viajando e vivendo. Logo, eu também poderia viver uma vida normal. E então com ela (infelizmente apenas no Youtube, não pessoalmente) aprendi a fazer aquele exame de medição de glicemia que todo diabético deve fazer mais de uma vez ao dia, o famoso “furar o dedo”. E aprendi também que se eu procurasse pelo tratamento adequado, poderia ter qualidade de vida. E assim eu fiz, busquei um bom endocrinologista e iniciei o tratamento da forma devida. Melhorei: física e emocionalmente.

Já em 2010, ela iniciou o Ensaio de Cores. Um projeto em que as telas pintadas por ela eram vendidas e a renda revertida para a ADJ (Associação de Diabetes Juvenil). Como já era esperado, achei o projeto incrível e meu marido me presenteou com uma das telas. Quando soube que a própria Ana entregaria a tela, não dormi mais. A ansiedade tomou conta de mim inteirinha.

Finalmente encontrei com ela: o ícone da minha admiração. Fiquei paralisada! No entanto, conforme fui me soltando, comentei ser diabética, e então eu conheci um lado da Ana Carolina que ia muito além do talento nos palcos. A Ana foi uma pessoa incrivelmente atenciosa. E fez questão de me passar dicas sobre hipoglicemia, insulina, o tal “furar dedo” e todos esses tópicos que só os diabéticos conhecem bem.

Às vezes o que precisamos é que alguém que passe pela mesma coisa que você, te diga e te mostre que tudo vai ficar bem. E foi o que ela fez, embora ela não faça a menor ideia de sua contribuição para minha vida. A pessoa que fiz de exemplo para ultrapassar uma barreira na minha vida, fez um problema que ainda era grande para mim naquele momento, parecer algo simples e isso não tem preço.

E então eu percebi que era fã novamente. Era fã, fanzaça, fanzérrima. Fã que vai a todos os shows possíveis, fã que se espreme no palco, fã que faz a família inteira ouvir Ana Carolina e fã do talento que ela tem. Mas principalmente, fã da pessoa que ela foi comigo mesmo sem intenção quando eu precisei.

 

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