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Dead Fish: 25 anos no limbo entre o mainstream e o underground


Além de comemorar os seus 25 anos de carreira nos palcos, o Dead Fish também possui outros planos para celebrar a data

Formada em 1991, em Vitória, no Espírito Santo, o Dead Fish – composto atualmente por Rodrigo Lima (vocal), Allyand (baixo), Rick Mastria (guitarra) e Marcão Melloni (bateria) – se consagrou ao longo dos anos como um dos maiores expoentes do cenário rock nacional. E agora, em pleno 2016, a banda celebra os seus 25 anos de carreira com uma turnê especial pelo Brasil, além de divulgar o seu último álbum, intitulado Vitória.

Mas, voltando às suas origens lá no início da década de 1990, nem o vocalista Rodrigo Lima – único membro original ainda na banda – esperava tamanho sucesso. E acredite ou não, até ele se surpreende com todas as conquistas que o grupo alcançou até então.

“Nunca existiu de primeira um plano de se viver da música que fazemos, era algo que não passava por nossas cabeças no Espírito Santo. Sempre digo que somos privilegiados e, sem menosprezar o trabalho, até sortudos”, declara Rodrigo.

“Somos provavelmente a banda que mais errou e também a que mais acertou no cenário independente do rock brazuca”, ressalta. “Acho que ter aprendido tanto nos últimos vinte e cinco anos nos dá um ‘know how’ que provavelmente bandas com dez anos não tem ainda”.

Mesmo sendo uma das maiores bandas do underground brasileiro, o Dead Fish já se apresentou em grandes festivais – e conforme já mencionado, se tornou um ícone do rock brasileiro. Mas, para Rodrigo, a banda ainda há muito o que conquistar.

“Sempre dá pra fazer mais, sempre dá pra ir onde nunca imaginávamos. Eu particularmente ainda quero fazer mais tours para fora do Brasil. Nunca fomos ao Peru, Equador, Colômbia, nunca tocamos no Acre nem no Amapá, esses lugares todos sempre estão em minha mente como uma fronteira a ser derrubada. Ainda temos planos de fazer um álbum mais rápido do que foi o último, mas são planos”.

No entanto, nem tudo são flores para quem disputa um espaço no cenário musical brasileiro a fim de divulgar e compartilhar a sua arte. Desde então, o Dead Fish – assim como outras grandes banda brasileiras – enfrenta grandes desafios para continuar na estrada.

“Trabalhar com arte e principalmente música no Brasil nunca foi fácil, nem para quem é grande. Até hoje passamos algumas dificuldades por não sermos nem uma banda super underground mais e nem uma banda mainstream. Existe um limbo aí no meio e estamos exatamente ali. Só que não se pode comparar o Dead Fish hoje e o de 15 anos atrás. Era tudo completamente diferente, inclusive a forma de se divulgar o som e os contatos pra show. Naquele tempo, tudo era mais complicado, tanto tecnicamente como financeiramente”.

Além disso, Rodrigo também destaca a importância do coletivismo para que a banda supere suas dificuldades.

“O maior desafio de se ter uma banda sempre é estar focado no trabalho de formiguinha, em estar num grupo e não ser um em um grupo. É difícil em tempos de super exposição em redes sociais você entender que você é parte e não o todo”, afirma.

Entre trancos e barrancos, o Dead Fish, felizmente, conseguiu sobreviver às dificuldades e agora está aí com nada menos que 25 anos de carreira. Para celebrar a marca histórica, a banda embarcou em uma turnê comemorativa pelo Brasil. Até o momento, o Dead Fish já passou por várias cidades, e está com a agenda cheia para o resto do ano.

“Estamos nos primeiros shows ainda, mas já dá pra ver como as pessoas reagem a algumas músicas que nunca ouviram ao vivo”, comenta Rodrigo. “A molecada mais jovem, às vezes, nem sabe que temos umas músicas em inglês do primeiro disco. É divertido vê-los com uma cara curiosa quando executamos alguns sons velhos, e também é demais ver aquele cara velho lá no fundo fora do moshpit cantando amarradão”.

No entanto, Rodrigo declara que as expectativas são algo que o Dead Fish não prefere criar quando estão prestes a cair na estrada. Mas o grupo espera tocar no maior número de cidades possíveis, até mesmo em algumas em que ainda não se apresentaram.

Além de comemorar os seus 25 anos de carreira nos palcos, o Dead Fish também possui outros planos para celebrar a data.

“Temos um documentário por vir esse ano ainda, e gravaremos um show de 25 anos na Audio Club em agosto, aqui em São Paulo”, revela o cantor.

Em sua tour pelo Brasil, o Dead Fish não só comemora o seu aniversário, como também promove o seu último álbum, chamado Vitória, que saiu ano passado. Produzido graças a uma campanha de financiamento coletivo, o disco foi lançado de maneira independente, sem nenhuma gravadora.

“Foi mais uma das nossas tentativas de ver onde ia dar tudo”, explica o vocalista Rodrigo a respeito da escolha da banda. “Hoje em dia as coisas são bem mais simples do que na década passada, estúdios, produtores, tecnologia e até distribuição são bem mais fáceis de executar. Então resolvemos que íamos fazer a gente mesmo tudo, inclusive a edição do som. Durante o processo de finalização do disco, o Jefferson e a Red Star se interessaram em lançar e fizeram uma ótima proposta, e cá estamos”.

Curiosamente, Vitória foi lançado cinco anos após o lançamento do último álbum, Contra Todos. Porém, a banda tem seus motivos que levaram a esse espaço de tempo entre os dois discos.

“Pois é, isso nos angustiou por anos também, mas foi como conseguimos. Por quase cinco anos tivemos uma questão interna quanto a como produzir algo novo e isso, acho, foi sendo levado com certo pudor irresponsável de nossa parte. Acredito que não acontecerá mais, acredito que com essa formação somos mais desencanados em produzir, somos mais coletivos também”.

Hoje em dia, é possível ver muitas bandas apostando nas campanhas crowdfunding para financiar as suas produções.

“Até eu entender a revolução que era essa plataforma de financiamento levou um tempo, acho que fui/fomos muito conservadores e demoramos muito a aceitar uma forma tão brutalmente inovadora”, declara Rodrigo.

Obviamente, a iniciativa tem seus pontos positivos, conforme relata o cantor:

“Tínhamos aquela mentalidade dos anos 90 em que não se podia vender algo sem antes ter e mostrar o produto, e necessariamente não se trata somente disso, é também uma quebra de paradigma tanto financeiramente como socialmente. É revolucionário esse formato. Recomendo uma vez na vida terem essa experiência de financiamento coletivo e em contato direto com as pessoa que curtem a banda”.

Proveniente de uma década musicalmente riquíssima, o Dead Fish passou por diferentes fases e encarou desafios a fim de continuar firme com suas músicas e ideologias. Sempre fiel a si mesmo, a banda é mais uma prova viva de que é possível, sim, alcançar o sucesso nacional e derrubar fronteiras, mas sem nunca se esquecer de suas origens.

Os próximos shows do Dead Fish confirmados até o momento são:

16/04 – Jaraguá do Sul, SC

20/04 – Barueri, SP

23/04 – Bauru, SP

30/04 – São José do Rio Preto, SP

06/05 – Campinas, SP

07/05 – Belém, PA

08/05 – Manaus, AM

13/05 – Rio de Janeiro, RJ – Circo Voador

14/05 – Londrina, PR

21/05 – Belo Horizonte, MG – Music Hall

09/06 – Florianópolis, SC – John Bull

10/06 – Criciúma, SC

11/06 – Curitiba, PR – Music Hall

12/06 – Maringá, PR – Tribos

17/06 – Novo Hamburgo, RS

18/06 – Caxias do Sul, RS

19/06 – Porto Alegre, RS

05/08 – Três Lagoas, MS

12/08 – Santarém, PA

Por Rock Music


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