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Elza Soares domina o palco, o público e tudo o mais em épica apresentação na capital baiana


Elza Soares domina o palco, o público e tudo o mais em épica apresentação na capital baiana

No último sábado, dia 23 de janeiro, mais precisamente às 21 horas, a cidade de Salvador se transformou no palco de uma histórica apresentação da mais recente turnê da diva máxima Elza Soares, intitulada A Mulher do Fim do Mundo.

O show, resultado do último e premiado álbum da cantora, foi visto e apreciado por um Teatro Castro Alves (o mais tradicional da cidade) lotado e bastante excitado. Elza, ao longo de pouco menos de uma hora e meia de apresentação, conseguiu criar uma atmosfera tão poderosa que fez o público aplaudir de pé ao seu final.

Os motivos para tal êxtase podem ser colocados da seguinte maneira:

Álbum novo
A Mulher do Fim do Mundo, o álbum, é o primeiro dos 34 discos da carreira de Elza só com músicas novas. Trata-se de um trabalho que já nasceu icônico e que soa arrebatador no palco, no ao vivo. No TCA, que possui uma acústica admirável, a voz de Elza adquiriu ainda mais força e, a cada música que cantava, mais o público tinha a certeza de que se tratava de algo inesquecível. As onze canções inéditas do CD são jogadas para os fãs, que as recebem de braços abertos.

Os fãs, por sinal, são a cereja do bolo desta nova fase de Elza. É incrível como o seu público se renovou e isto estava perceptível no show de Elza em Salvador: muitos e muitos jovens, reflexo da corajosa escolha da cantora em – mesmo com uma carreira já consolidada – ter atualizado suas referências e encarado de peito aberto um desafio como este que foi gravar o seu mais recente álbum.

Bixiga 70
Por mais que Elza domine o palco e o público, é notório que a sua apresentação ganha mais força por conta de sua banda fixa, formada por alguns dos nomes mais talentosos da cena nacional, e ao sensacional grupo paulista Bixiga 70, banda que mistura música africana afrobeat, brasileira, latina e jazz. Toda a atmosfera rock, que dá um tom épico aos shows da turnê A Mulher do Fim do Mundo é resultado do trabalho de todos estes músicos, que podemos dizer que estão capitaneados por Guilherme Kastrup, o grande nome por trás do projeto que trouxe Elza aos palcos novamente.

Em Salvador o clima foi exatamente este: som arrebatador e uma voz poderosa de Elza, que nem precisou se mexer e andar para lá e para cá. A sua voz já possui impulso suficiente para pôr o público para balançar a cabeça e vibrar com cada música tocada.

A Carne
Numa cidade como Salvador, onde a maioria da população é formada por negros e pardos, era evidente que a canção “A Carne”, uma das mais célebres de Elza, teria uma força ainda maior. Logo no primeiro verso, quando ela soltou “A carne mais barata do mercado é a carne negra”, o Teatro Castro Alves praticamente veio abaixo, com muitos gritos e aplausos.

Claro que a cantora iria aproveitar a canção e o tema para falar de sua negritude, arrancando ainda mais aplausos dos baianos. Elza por sinal estendeu o seu discurso social para também incitar todas as mulheres a denunciarem a violência doméstica.

Roteirizado
Pensando na apresentação como um todo (ao menos a de Salvador) fica evidente que outro grande destaque da turnê é o setlist, que junto com o cenário, o trabalho visual, mais especificamente, e até mesmo as intervenções, formam um show bem redondo, com um roteiro que lembra os grandes musicais do teatro ou mesmo os shows de grupos que já se predispõem a fazer isso (o U2, por exemplo).

Assim, nada mais justo que elogiar a competente e talentosa Ana Turra, que assina a direção de arte e criação de luz, cenografia e figurino.

Elza Soares veio a Salvador, encantou todo o mundo e já foi embora para dar continuidade ao seu mais poderoso projeto musical produzido até então. E dizer isso de uma cantora com bem mais de cinco décadas de vida e de carreira é algo muito simbólico. Elza alcançou o ápice artístico com o seu novo trabalho e com o seu novo show. Daqui para frente não saberemos ao certo o que vai acontecer com a sua carreira, sobretudo se pensarmos em um novo álbum de canções inéditas.

Porém, devemos lembrar que esta mulher, que foi considerada a voz do milênio pela BBC e que é considerada um ícone da música por todos os brasileiros, tem todas as condições de continuar no topo da música no Brasil. Elza Soares foi, é e sempre será relevante, mais que relevante até, não importa o que faça.

A mulher é poderosa.

Por Luis Fernando para Midiorama, em parceria com o Cabine Cultural


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