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Fãs relatam o dia em que fizeram sopa para a Ana Carolina


Quando você veste a camisa de fã, almeja diversos sonhos relacionados aquele ídolo, a maioria considerados utópicos, já que existe uma montanha enorme de impossibilidades. Porém, devo confessar que sempre andamos de mãos dadas com a esperança que não hesita em construir cenas, dessas do cotidiano, com aquela pessoa da qual criamos laços todos dias, sem ela sequer saber. Falo de uma tarde no shopping, um convite para aquelas festas badaladas e no fim você se ver bêbado com ele (ou ela), um luau na praia ou até mesmo cozinhar, mais precisamente uma sopa para aquela cantora que já te fez chorar em tantos shows. É quase como entrar no guarda roupa e ir para Nárnia sem passaporte.

Eu (Viviane) e Deyse nos conhecemos de uma maneira bem diferente do que os fãs da década de 90, por exemplo, se conheciam. A era digital facilitou muitas coisas, dentre elas filtrar pessoas, que tem os mesmo gosto que você. E foi assim, em uma dessas redes sociais ligadas a cantora e compositora Ana Carolina que nós duas começamos a “trocar figurinha” e nos tornarmos parceiras de shows, e mais tarde parceiras de equipe do Fã Clube de São Paulo, Cara de Caneca, do qual temos como um filho. Já que cuidamos, protegemos e construímos um carinho que é importante na medida certa, para cada uma de nós.

Já escrevemos boas histórias nos respectivos papéis de fã, desde cartas quilométricas até mesmo perder o avião, comprar outra passagem e ir de mala para o show. Mas o que realmente não esperávamos era a oportunidade de cozinhar, com nossas próprias mãos e nossa total falta de prática para a cantora de “Garganta” e “Quem de nós dois”.

Em abril de 2015, recebemos um telefonema da produção da Rede Record que sem muitos rodeios nos convidou para “participar de um programa onde terão que cozinhar algo para Ana Carolina”. A principio ficamos bem confusas, a proposta era bacana até então, porém ainda não tínhamos entendido praticamente nada. Mais tarde, depois de diversos telefonemas com a produtora do programa nos foi explicado e o frenesi começou.

Daí a pergunta: Como uma, no caso duas, fãs reagem diante de tamanho convite? _Sim, surtamos!

O surto veio acompanhado de um bombardeio de questionamentos, já começamos a pensar como faltar o trabalho. Afinal, a gravação já seria no próximo dia, o dia todo, em uma terça-feira. Depois que detectamos o maior problema, encontramos o outro em seguida, que foi o receio da reação das pessoas que já nos conhece e por isso questionamos bastante se era mérito nosso mesmo receber esse presente que chegou em nossas mãos e era só tirar o laço.

Nesse pouco tempo que tivemos para pensar em tantas coisas, pessoas amigas e próximas que sabiam do ocorrido acabaram nos fazendo entender que assim como qualquer fã, qualquer pessoa que admire e goste da Ana merecia esse dia, que como esperado seria um desses acontecimentos que levamos para vida.

Chegando lá, nos levaram para o camarim, o nervosismo e incredulidade era visível em nossas caras pálidas. Contei a Deyse, que na noite anterior, cheguei da faculdade e com ajuda (e bota ajuda nisso) da minha mãe, tinha feito uma “sopa treino”. Sim, como quem estuda para prova, eu estudei o passo a passo de uma sopa. Deyse não ficou atrás, foi atrás de receitas de todas espécies de sopa possíveis e imagináveis, e pior: escondia algumas colas na manga.

Pouco depois a produção da Record veio nos buscar e nos levou ao set de gravação que era no estacionamento da emissora, onde se encontrava um food truck, que seria o lugar minúsculo que faríamos a bendita sopa que para nosso susto e total desconhecimento culinário era UMA SOPA TAILANDESA. O calor era intenso naquele dia.

Câmeras, refletores, toquinhas, ingredientes, dúvidas, olheiras (de ambas, já que não dormimos) e o chefe Guga, apresentador do quadro, nos mostrou os ingredientes e nos revelou que SIM teríamos que fazer a sopa e que teríamos apenas uma ajuda ao longo da receita. Para quem acha que a TV é uma mentira, fizemos mesmo a sopa com a câmera nos intimidando e o diretor pedindo “podem dançar, contem aí uma piada, conversem, podem cantar também” e tudo que queríamos era saber se ia sair alguma coisa “degustável” daquela brincadeira.

Por alguns minutos até esquecemos que aquilo tudo era para uma pessoa tão importante, mas não pensar nisso, não aliviava a tensão que pairava por ali. Os ingredientes foram escolhidos a dedo, o que ninguém esperava era o ingrediente especial que foi adicionado durante um “deslize técnico”. E quando falo em deslize, falo em uma câmera “Go Pro” que deslizou do cinegrafista e caiu no fogão e com susto, Deyse empurrou a panela, mas entre mortos e feridos sobrou ainda muita sopa e gargalhadas que damos até hoje.

Feita a sopa, experimentamos (e achamos horrível), fomos em uma van até o local em que estava a dama do dia, isso é, onde Ana Carolina estava realizando uma coletiva de imprensa. A ida até o local com toda produção do programa foi a simulação de uma montanha russa, levamos os pratos com a sopa e a cada lombada eu poderia prever a sopa se instalando na minha cara. Foi difícil, mas chegamos.

A ficha ainda não tinha caído, afinal, até então não tínhamos visto a Ana. Foi chegando lá, que sentadas em um sofá a vimos descendo as escadas mexendo no celular e assim ficamos paralisadas até ela nos cumprimentar com um “vocês tão bombando no DVD, hein? Lembro de vocês!”. Ela se referia ao DVD #AC, que tinha acabado de ser lançado. Estávamos mortas feat. enterradas, a partir desse momento.

A gravação com a Ana experimentando as sopas ainda não tinha ocorrido, mas já tínhamos a visto no local, passando de um lado para o outro, e o instinto fã sendo controlado a pulso. Sentadas nos comportamos e esperamos o momento certo (confesso que me orgulhei de nós).

Pouco depois, a produção da Record nos chamou para acompanhar a gravação da Ana experimentando a sopa e contando um pouco sobre o #AC ao Guga. Estávamos ali atrás da câmera,  com todas emoções a flor da pele, inquietas, nervosas e extremamente emocionadas, não pela situação em si, que por sinal estava bem engraçada, mas pela oportunidade, por essa cena que parecia mentira e era tão verdade. Ana Carolina falava diretamente de nós e para nós também, experimentou algo que NÓS FIZEMOS, e sem contar com o carinho e cuidado que tiveram conosco.

Confira o quadro completo:

O resultado de quem ganhou como “melhor sopa” a essa altura do campeonato nem importava mais, já que o dia estava ganho, mas foi bem legal o empate, afinal somos amigas e esse momento juntas ali com a Ana no final do quadro, foi de vários nós na garganta.

Gostar de um artista como a Ana Carolina que tem milhares de fãs, tem seu lado complicado já que não é tão simples você conseguir a foto e principalmente o abraço que tanto deseja. Conversar é uma escalada mais complicada ainda, já que é sempre tudo muito rápido, por seus diversos e entendíveis motivos. E por conta dos tais diálogos que guardamos esse dia em um cofre do coração, pois conseguimos conversar um pouco, banalidades, com ela e ainda por cima ganhei o momento, sem nenhum script, de dizer olhando nos olhos que sim “eu te amo, Ana!”.

Receber a Record em casa e mostrar um pouco do que guardamos desse amor de fã, também foi bem legal, é uma viagem no tempo, são memórias que a gente leva e que mesmo com os contratempos (olha, que já colecionamos vários), temos cada vez mais certeza, do quanto vale a pena.

O programa demorou alguns dias para ir ao ar, até então, o sigilo sobre os bastidores era absoluto (ou quase absoluto). No dia da exibição foi uma repercussão um tanto engraçada, já que parente, amigos, vizinho que nunca falei na vida mandaram mensagens falando que estavam nos vendo na TV (o que uma câmera, não faz hein?). Estávamos no portal R7, na página da Ana Carolina e de todos seus fã clubes.

Virámos “as fãs da sopa”, codinome mais que justo.

sopa para ana3

De vez em quando revemos trechos do programa e imaginamos “o que vou pensar disso daqui uns anos?” Ser fã é curioso, é um forma de amar que se diferencia de todas as outras. Esse gostar de graça pode parecer uma grande bobagem, mas bobagem mesmo é negar o que nos faz bem, seja arrancando um sorriso ou uma lágrima, o importante mesmo é quando toca no vazio, já dizia ela.

 

Por Viviane Carvalho e Deyse Reis – FC Cara de Caneca


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