O primeiro trailer de EPiC: Elvis Presley In Concert, novo projeto cinematográfico de Baz Luhrmann, apresentou ao público um conjunto raro de registros que documentam a fase de retomada do cantor nos palcos a partir de 1969. O longa combina gravações da residência em Las Vegas, trechos em 16 mm do filme Elvis on Tour (1972) e material em 8 mm preservado no acervo de Graceland. Muitas dessas imagens eram consideradas perdidas há décadas.
A prévia abre ao som de Also sprach Zarathustra, de Richard Strauss, tema que marcou as apresentações de Elvis no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. O trailer mostra o artista em momentos de preparação antes de entrar no palco — detalhes como a forma de segurar o anel ou ajustar o figurino — enquanto contextualiza a descoberta das filmagens. A frase “Houve muito que foi dito, mas nunca do meu lado da história”, narrada pelo próprio Presley, antecipa o tom intimista do longa, reforçado pela inclusão de registros que mostram a performance de “The Battle Hymn of the Republic”.
O filme teve sua primeira exibição no Festival Internacional de Toronto, no Canadá, e terá sessões especiais em Graceland no dia 8 de janeiro, data em que Elvis completaria 91 anos. O lançamento exclusivo em salas IMAX está previsto para 20 de fevereiro, seguido por ampla distribuição a partir do dia 27 do mesmo mês.
A produção deriva de uma investigação iniciada por Luhrmann durante o desenvolvimento do filme Elvis (2022). Ao buscar material inédito para aprofundar o retrato do artista naquela obra, a equipe localizou 68 caixas de registros em película 35 mm e 8 mm nos arquivos da Warner Bros., armazenados em minas de sal no Kansas — uma técnica usada para preservação de longa duração. Entre os achados estavam imagens de shows, bastidores, entrevistas inéditas e filmagens da icônica apresentação de 1957 no Havaí, marcada pelo uso do famoso paletó dourado.
Por não possuírem áudio próprio, os vídeos foram restaurados e sincronizados com gravações históricas correspondentes. O trabalho revelou ainda uma gravação de aproximadamente 45 minutos em que Elvis reflete sobre sua trajetória, documento considerado raro para compreender como o artista via sua carreira e seus desafios. Segundo Luhrmann, a proposta não é construir um documentário convencional, mas uma experiência que amplie a compreensão do público sobre Elvis como intérprete e figura humana.
O interesse renovado por Presley acompanha a repercussão do filme Elvis (2022), estrelado por Austin Butler. A produção recebeu oito indicações ao Oscar e foi reconhecida pelo American Film Institute entre os melhores filmes de seu ano. O desempenho estimulou a adaptação da obra para os palcos, atualmente em desenvolvimento. Butler, por sua vez, consolidou-se internacionalmente após o papel, tornando-se presença constante em grandes produções desde então.
A nova montagem com gravações inéditas deve atrair tanto estudiosos quanto admiradores do artista. Para muitos fãs, materiais restaurados dessa época ajudam a compreender a fase em que Elvis redefiniu seu estilo após anos dedicados ao cinema, numa espécie de “segundo nascimento artístico”. A combinação entre imagens recuperadas, tecnologia de restauração e relatos pessoais contribui para um panorama mais amplo do cantor em seus anos finais nos palcos.
O lançamento de EPiC: Elvis Presley In Concert se insere em um movimento mais amplo de revisitação de arquivos históricos, que tem permitido reconstruir narrativas com base em documentos antes inacessíveis. No caso de Elvis, cuja vida foi amplamente documentada, mas também cercada por especulações e visões contraditórias, a chegada desse material pode oferecer novas interpretações sobre seu legado.





























