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Ópera “Na boca do Cão” ganha adaptação audiovisual no Teatro Serrador e faz exibições virtuais gratuitas


“Eu tinha 2 anos de idade, minha mãe estava grávida de 9 meses da minha irmã Samantha. Meu pai me levou à padaria de manhã cedo para comprar pão. Na padaria tinha um pastor alemão. Meu pai perguntou ao padeiro se o cachorro mordia. O padeiro disse que não. No minuto seguinte minha cabeça estava dentro da boca do pastor alemão, alguns dentes na parte de baixo do queixo e outros na parte de cima da cabeça. Tudo escuro” (Gabriela Geluda)

“A arte é um veículo de transmutação de traumas profundos do ser humano”, comenta a cantora e atriz Gabriela Geluda, protagonista da ópera autobiográfica “Na Boca do Cão”, dirigida por Bruce Gomlesvky, que ganha adaptação audiovisual e faz temporada virtual gratuita através da Sympla (dias 17, 18, 23, 24 e 25 de abril às 19h). “É a minha primeira experiência dirigindo audiovisual. Foi um desafio muito prazeroso e estimulante”, conta Gomlesvky. O libreto, do imortal Geraldo Carneiro, é inspirado num acontecimento real da vida de Gabriela, que aos 2 anos teve sua cabeça tragicamente abocanhada por um pastor alemão e ao longo da sua trajetória encontrou na arte uma saída para os inúmeros traumas acarretados pelo episódio. A música é de Sérgio Roberto de Oliveira – indicado duas vezes ao Grammy Latino (2011 e 2012).

A adaptação foi produzida em março deste ano no Teatro Serrador e ao mesmo tempo em que a escolha da locação agrega dramaticidade e produz um clima de ópera/suspense/terror, também denuncia a trágica condição em que se encontra esse tradicional equipamento cultural. “É um lindo ato de resistência poder filmar num teatro e ter o teatro como personagem, num momento em que as salas de espetáculo se encontram fechadas”, pontua Gomlesvky. “Ao ganhar sua versão filme, o limite do palco é extrapolado e espaços ocultos do Teatro Serrador são incorporados a trama. A encenação, que já unia música contemporânea, dança e teatro, agrega agora recursos cinematográficos, explorando longos planos sequência a la mestre Hitchcock”, detalha Gabriela.

A obra, originalmente encenada em 2017, no Teatro III do CCBB (RJ), foi o último trabalho do compositor erudito contemporâneo Sérgio Roberto de Oliveira , que faleceu ao longo da primeira temporada. O projeto audiovisual foi contemplado pelo edital Retomada Cultural RJ, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Aldir Blanc e contará também com bate-papos e um curso ministrado por Gabriela Geluda.

“Na Boca do Cão promove uma reflexão sobre como nos relacionamos com os desafios de modo criativo, aprendendo a incorporar o inesperado e transformando experiências traumáticas através da arte”, pontua Gabriela, que após o episódio com o cachorro tornou-se cantora lírica e fez da música uma ferramenta de superação. A encenação conta ainda com os músicos solistas Ricardo Santoro (violoncelo), Cristiano Alves (clarinete / clarone), Rodrigo Foti e Leo Sousa (percussão). A filmagem e edição ficou a cargo do diretor de cinema Paulo Camacho. A produção é de Luiz Prado, da LP Arte Soluções Culturais.

Um espetáculo que fala sobre o medo e sobre a possibilidade da arte como um veículo de transmutação. “Estamos todos calados, sufocados, vivendo com medo e o grito preso na garganta. Produzir essa releitura foi uma maneira de vencer as barreiras que estamos enfrentando diariamente, contra a Covid”, comenta o produtor Luiz Prado. “No palco me sinto viva, presente, mesmo que inicialmente amedrontada. Cantando em cima de um palco eu consigo sair da boca do cachorro”, conclui Gabriela.

Serviço:
“Na Boca do Cão” – Uma vídeo ópera
Ingressos gratuitos pela Sympla:
https://www.sympla.com.br/nabocadocao
Dias 17, 18, 23, 24 e 25 de abril
Horário: 19h
Gênero: Drama
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 60 min

* Para garantir maior acessibilidade ao público, o vídeo conta com legenda do
texto/libreto.

Bate- Papo
Acesso pela Sympla:
https://www.sympla.com.br/nabocadocao

* Após a estreia no dia 17/4, haverá um bate-papo às 20h que contará com a participação do diretor Bruce Gomlevsky e a soprano/atriz Gabriela Geluda sobre o processo de criação, ensaio e adaptação do espetáculo.

*No dia 24/4, às 20h, o bate-papo será uma análise da obra sob a luz da psicanálise. Como a arte atua na expressão e elaboração de traumas? Porque apresentar essa obra no momento atual? Essas e outras questões serão desenvolvidas por psicanalistas neste bate-papo.

Curso Gratuito e Online
“Técnica de Alexander no Trabalho Remoto”
Inscrições pela Sympla: https://www.sympla.com.br/nabocadocao
Com Gabriela Geluda.
De 12/4 a 17/4 sempre às 17:00.
Duração de cada aula: 1h

“Esse curso foi pensado para nos ajudar a digerir, processar, reencontrar o compasso do nosso funcionamento e minimizar a sobrecarga gerada pela nova rotina de home office. A Técnica de Alexander é uma ferramenta poderosa no sentido de resgatar nosso equilíbrio e liberdade psicofísica, diminuindo tensão desnecessária enquanto fazemos as nossas atividades.”

Ficha Técnica:
Música : Sergio Roberto de Oliveira
Poema/Libreto: Geraldo Carneiro
Direção: Bruce Gomlevsky
Filmagem e edição: Paulo Camacho

COM
Soprano/Atriz: Gabriela Geluda
Clarinete/Clarone: Cristiano Alves
Violoncelo: Ricardo Santoro
Percussão: Rodrigo Foti e Leo Sousa
Mixagem e gravação de som: Matheus Dias do A Casa Estúdio
Figurino: Carol Lobato
Programação visual: Ivison Spezani
Direção de Produção: Luiz Prado
Coordenação Geral: Gabriela Geluda
Assessoria de Imprensa: Julie Duarte – Duarte Comunicação
([email protected])

– Filmado no Teatro Serrador (RJ) no dia 11 de março de 2021 durante a Pandemia de COVID 19–

TRECHO DO LIBRETO DE GERALDO CARNEIRO
“A menina nunca se esqueceu
daquela escuridão
na boca do caos
na boca do cão”
(…)
“E a menina movida a espanto
transformou o cão em canto
A menina
Movida
À vida
(…)


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