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“A Sereia – Lago dos Mortos” apresenta sereias como nunca vistas no ocidente


Mesmo parecido com “A Noiva” filme inova ao reinventar um folclore que beira o clichê

Repetindo alguns erros e acertos já vistos em “A Noiva” (2017), Svyatoslav Podgayevskiy, traz em “A Sereia – Lago dos Mortos” (2018) uma visão mais dinâmica, acelerada e menos previsível da mesma trama que serve de base para seu sucesso anterior. O filme teve sua estreia na Rússia em 12 de julho de 2018, e chega aos cinemas brasileiros em janeiro de 2019 com dublagem em inglês.

No filme, Roman (Efim Petrunin) e Marina (Viktoriya Agalakova) estão prestes a se casar, quando em uma noite, numa casa de veraneio de sua família, Roman encontra uma mulher na beira do lago que fica na propriedade. A partir daí a história se desenrola, com uma perseguição da Sereia do filme em busca da destruição de Roman e de qualquer homem que a encontre.

Algo que não fica tão claro e explicado nos trailers do filme e sequer é muito explorado no filme é a noção do que vem a ser a sereia do longa. Ao contrário da noção ocidental amplamente difundida sobre o ser mitológico, que consiste em uma mulher com cauda de peixe que vive nos oceanos atormentando marinheiros; No terror russo o produtor Ivan Kapitonov e o diretor Svyatoslav Podgayevskiy exploram as lendas e mitos que caracterizam a sereia russa (Rusalka), mulheres jovens que se afogavam rios ou lagos e buscavam a destruição de homens como uma espécie de reparação e desejo de vingança por violências sofridas em vida. Por seguir fielmente uma das vertentes o mito russo acerca das Rusalkas, mesmo causando estranhamento para os espectadores acostumados com Ariel, Splash e Aquamarine, o filme garante um ótimo ponto a seu favor pode ser considerado uma boa contribuição cultural nos quesitos diversidade e originalidade, coisas raras no gênero de terror atualmente.

Porém, como dito acima, resumidamente o maior problema de “A Sereia” é o fato do enredo se parecer até demais com o de “A Noiva”, com a adição de um lago na trama, o que de fato pode não causar problemas para os espectadores casuais que buscam um filme de terror, mas provavelmente vai prejudicar o entretenimento dos fãs de filmes do gênero.

É importante citar que a sensação de déjà vu causada pelo filme fica ainda mais forte, uma vez que praticamente todo o elenco principal do filme esteve presente em outro filme, adivinhem qual… Pois é.

No entanto, nesse mesmo ponto o filme apresenta uma surpresa. Viktoriya Agalakova entrega uma atuação que pode não ser digna de um Oscar, mas é infinitamente melhor do que a apresentada em “A Noiva”, filme no qual a atriz praticamente entrou muda e saiu calada mesmo sendo a personagem principal, dando alguma profundidade e presença para a heroína no filme, se destacando, junto de Sofia Shidlovskaya, interprete da horrenda sereia, do restante do elenco.

Mesmo cheio de jumpscares, “A Sereia” de Podgayevskiy utiliza muito bem de todos os recursos possíveis para criar uma atmosfera pesada, angustiante e gradativamente sufocante. A direção de fotografia e o design de som trabalham juntos de forma delicada e brutal durante todo o filme, deixando pouca responsabilidade sobrando para a trilha sonora, que não é nada memorável, mas cumpre seu papel.

No fim das contas, o espectador tem que se desapegar de tudo o que aprendeu sobre sereias até hoje para conseguir curtir ao máximo possível a versão do monstro aquático de Podgayevskiy que pode parecer pequena perto das odisséias marítimas apresentadas até hoje em grandes blockbusters, mas carrega um fator crucial que lhe dá vantagem: humanidade.

“A Sereia – Lago dos Mortos” estreia em 31 de janeiro nos cinemas.

Por Tuiki Borges


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