Um dos maiores poetas e compositores da história da música brasileira, Vinícius de Moraes recebe homenagem no ano em que completaria 101 anos. Com uma vasta obra musical, totalmente voltada para o samba e para a bossa nova, Vinícius inspirou novas vozes e ajudou a projetar o início da carreira de grandes nomes da nossa música como Tom Jobim, Baden Powell e Toquinho, além de estabelecer parcerias com artistas renomados, como João Gilberto e Chico Buarque de Holanda.

Para relembrar esses sucessos e homenagear os 101 anos do poeta, Teresa Cristina e Pedro Miranda, jovens talentos do samba surgidos na Lapa nos anos 90, encontram-se para interpretar importantes sucessos do poeta e seus parceiros. O espetáculo “Vinicius e o Samba” acontece em Brasília, em 11 de dezembro, no Brasil 21 Cultural, e no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro, na Sala Cecília Meireles.

“Vinicius, na contramão da dor-de-cotovelo tão característica do samba e das canções dos anos 50,  propôs letras pautadas pela alegria, leveza e bom humor. Um poeta refinado – mas também dionisíaco – em favor do samba”, conta Luís Filipe de Lima, diretor artístico do espetáculo, que também ressalta que o poeta foi um dos fundadores da Bossa Nova, uma das mais importantes vertentes do samba.

Com artistas e músicos alinhados com o espírito dos sambas clássicos de Vinícius, a apresentação terá um repertório recheado de alguns dos principais sucessos do compositor, como “Chega de Saudade” (em parceria com Tom Jobim), “Desalento” (com Chico Buarque), “Deixa” e “Samba da Benção” (ambas com Baden Powell), além de pérolas pouco revisitadas, como “Garota Porongondons”, também em parceria com Baden, lançada por Cyro Monteiro.

Em Brasília, o show tem o patrocínio da Bradesco Seguros e no Rio, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Accenture.

Vinícius de Moraes

Marcus Vinícius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro e foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. Foi apelidado de “poetinha” por Tom Jobim por sua essência lírica e ficou ainda mais conhecido por seus sonetos. Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. Ainda assim, sempre considerou que a poesia foi sua primeira e maior vocação e que toda sua atividade artística vinha do fato de ser poeta.

No campo musical, Vinícius escreveu sua primeira canção em 1928, gravada em 1932 pelos Irmãos Tapajós, com os quais ainda teve outras parcerias musicais. Em 1953, Aracy de Almeida grava “Quando Tu Passas Por Mim”, primeiro samba de sua autoria, escrito com Antônio Maria. No ano seguinte, Aracy de Almeida grava também “Dobrado de Amor a São Paulo” (outra parceria com Antônio Maria).

Três anos mais tarde, Vinícius conheceu o jovem pianista Tom Jobim e deste encontro nasceu uma das mais importantes parcerias da música brasileira. Os dois compuseram a trilha sonora da peça teatral de Vinícius, Orfeu da Conceição, que incluía “Lamento no Morro”, “Se Todos Fossem Iguais A Você”, “Um Nome de Mulher”, “Mulher Sempre Mulher” e “Eu e Você”, que foram lançadas em disco por Roberto Paiva, Luiz Bonfá e orquestra. Além das canções para a peça, a dupla compôs, entre outros, clássicos como “A Felicidade”, “Chega de Saudade”, “Eu sei que vou te amar”, “Garota de Ipanema” e “Insensatez”.

O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova. Entre as principais canções deste período inicial do novo estilo musical estão “Luciana”, “Estrada Branca”, “Outra Vez” e “Chega de Saudade”, compostas também por Vinícius e Tom. Foi neste período que Vinícius conheceu mais um importante parceiro: João Gilberto. O violinista era caracterizado por uma nova batida, que fez de “Chega de Saudade” peça fundamental do período, marcando definitivamente a Bossa Nova e levando o novo gênero para todo o mundo.

A importância do compositor no universo da música brasileira não parou por aí. Vinícius teve, ainda, parcerias com Chico Buarque, Carlos Lyra, Baden Pawell e Toquinho. Desta última, surgiram clássicos como “Como Dizia o poeta”, “Tarde em Itapoã” e “Testamento”.

Teresa Cristina

Nascida no Rio de Janeiro, Teresa Cristina iniciou sua carreira se apresentando em bares cariocas, principalmente no bairro de Madureira, interpretando sambas de Jair do Cavaquinho, Monarco e Argemiro da Portela, entre outros. Depois de se apresentar no projeto A Cria, em 1995, no Planetário da Gávea, foi convidada por Chacal a integrar o Projeto CEP 20.000. Depois disso apresentou-se na Casa da Mãe Joana, levada por Wilson Moreira.

Em 1998, começou a cantar no Bar Semente, na Lapa, tornando-se uma das responsáveis pela revigoração musical do bairro. O bar acabou batizando a banda que passou a acompanhá-la desde então. A partir daí, suas apresentações levam o nome de Teresa Cristina e Grupo Semente.

Pedro Miranda

Cantor, compositor, pandeirista e percussionista, Pedro Miranda nasceu em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Incentivado pelo cavaquinista Eduardo Gallotti passou a cantar sambas no circuito de bares da Lapa e a frequentar rodas de samba. Integrou vários grupos como Cordão do Boitatá, Grupo Semente, Anjos da Lua e Pé de Moleque.

Sambista da nova geração surgida na Lapa, mantém a tradição do samba sincopado, sendo considerado por muitos críticos musicais herdeiro de João Nogueira, Geraldo Pereira e Cyro Monteiro. Hoje, Pedro Miranda ainda integra o Grupo Semente, ao lado de Teresa Cristina.

Luís Filipe de Lima

Filho do ator Luís de Lima, Luís Filipe de Lima é um violonista, arranjador, compositor, jornalista, ator e diretor teatral, nascido no Rio de Janeiro. Iniciou a carreira de ator em 1974 e seis anos mais tarde recebeu indicação para o Prêmio Mambembe Revelação, por sua atuação, ao lado de Fernanda Montenegro e Fernando Torres, em “Assunto de família”, peça teatral de autoria de Domingos de Oliveira com direção de Paulo José.

Iniciou sua carreira musical frequentando rodas de samba e choro no Rio de Janeiro. Estudou violão com Lourenço Baeta, Billy Teixeira e Horondino Silva (Dino), com quem se especializou no violão de sete cordas. Percussionista autodidata, Luís Filipe apresentou-se em bares e casas noturnas cariocas, como o Sobrenatural de Santa Teresa, Encontros Cariocas (ao lado de Noca da Portela) e a Casa da Mãe Joana. Trabalhou com sambistas renomados como, por exemplo, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Élton Medeiros, Wilson Moreira, Nei Lopes e Elza Soares.

“Vinicius e o Samba”

Homenagem aos 101 anos de Vinícius de Moraes

Com: Teresa Cristina e Pedro Miranda

Direção Artística: Luis Felipe de Lima

Banda: Luis Felipe de Lima (violão), Dirceu Leite (sopros), Alceu Maia (cavaquinho), Ivan Machado (baixo) e Cassius Theperson (bateria)

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