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EXPOSIÇÂO CAZUZA – EXAGERADO, UM SONHO COLETIVO


Cazuza vive. Não adianta discutir nem insistir nem misti ou mitificar. Cazuza vive e ficará vivo.
Gilberto Gil

Confira o texto do curador Ramon Nunes Mello sobre a exposição

Há 67 anos, exatamente no dia 04 de abril de 1958, nascia Agenor Miranda de Araujo, o nosso Cazuza. E, em 07 de julho deste ano, completa-se 35 anos de sua ausência física. Porque Cazuza vive, permanece vivo nas memórias de todos que o amam. Cazuza está vivo nos seus versos, nas suas músicas.

Poeta e cronista da geração 80, o Caju (para os mais íntimos) prova a força de sua vida nesta Exposição CAZUZA – EXAGERADO. A ser inaugurada no próximo dia 12 de junho no shopping Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro – quintal de sua casa, cenário de seus encontros com amigos. Permitindo que seus fãs, e também aqueles que pouco conhecem sua história, possam ter uma experiência imersiva na vida e obra de um ser humano que deixou a coragem e a liberdade como legado.

O sonho de criar essa exposição é de Lucinha Araujo, mãe do poeta, essa grande brasileira, que dedica sua vida à memória do filho. Mas sonhos, quando realizados no coletivo, ganham força na realidade. Sincronicamente, Horácio Brandão também sonhou com a exposição e levou a ideia, através de Phillippe Menezes, para o time de Fernando Ligório (e a equipe da Hit Makers) e Marcelo Jackow (e os criadores da Caselúdico).

Por fim, Lucinha Araujo e Fabiana Araujo me convidaram a integrar ao projeto, para assinar a curadoria da exposição e recontarmos juntos essa história – um trabalho que muito me honra. Eu não poderia aceitar a empreitada se não tivesse organizado os livros Cazuza – Meu lance é poesia e Cazuza & Protegi teu nome por amor – fotobiografia, ambos publicados pela editora Martins Fontes, em 2024, após mais de um ano de muita pesquisa junto a outra equipe igualmente talentosa. 

É o conteúdo do livro – e muitas outras belas surpresas inéditas – que estão apresentados lindamente pela direção criativa de Marcelo Jackow com a Caselúdico nessa mostra antológica.

A Exposição CAZUZA – EXAGERADO apresenta centenas itens da memorabilia de Cazuza, guardada por Lucinha Araujo e pelo Centro Cultural Cazuza (Vassouras, RJ), composta por manuscritos, datiloscritos, documentos, roupas, figurinos e objetos pessoais, além de dezenas de vídeos exclusivos e fotos raras dos tempos do Barão Vermelho e da carreira solo de Cazuza. A mostra promove uma experiência única de interatividade com a vida e a obra do poeta roqueiro mais amado do Brasil, uma imersão que permite conhecermos a intimidade de Cazuza, para além do mito. 

Convidamos você para esse mergulho intenso (e exagerado, como Cazuza e sua mãe, Lucinha, em 9 galerias:

A Sala 1 | AGENOR-CAJU, apresenta a fase de Cazuza antes da fama, quando era conhecido como Agenor e/ou Caju por amigos e familiares. Exceto pelos pais que sempre lhe chamaram, desde antes do nascimento, pelo codinome: Cazuza. Neste espaço, é possível entrar na intimidade da infância e adolescência do poeta do rock: o amor da família e dos amigos, a paixão pela poesia, pelo teatro e pela praia. Nas vitrines e nos móbiles, dispostos na galeria, estão fotos, documentos, cadernos escolares, desenhos, bilhetes, roupas, brinquedos e originais dos primeiros poemas. Além de vídeos que contextualizam o período, como um vídeo de Caetano Veloso cantando “Todo amor que houver nessa vida”, registro em super 8 criado pelo próprio Cazuza, e o depoimento exclusivo de Lucinha Araujo, guardiã da memória do filho ilustre.

A Sala 2 | MAIOR ABANDONADO abrange o início da trajetória musical de Cazuza, no Barão Vermelho, ao lado de Roberto Frejat, Dé Palmeira, Guto Goffi e Maurício Barros, entre 1982 e 1985. Com um visual da estrutura do Circo Voador, local de resistência artística cultural onde estreou o Barão Vermelho, é possível aprofundar na história de Cazuza como vocalista da banda Rock Brasil mais representativa da década de 1980. Discos, fotos, gravações raras, depoimentos de amigos, além de vídeos de apresentações no Circo Voador, no Rock in Rio e no Rock Concerto – Projeto Aquarius, reconstroem a trajetória de Cazuza e do rock no Brasil.

A Sala 3 | EU SOU MANCHETE POPULAR recobre a trajetória de Cazuza após o rompimento com o Barão, em 1985, e a construção de sua carreira solo. Sucessos com os discos Cazuza – Exagerado (1985), Só se for a dois (1986), Ideologia (1988) e Burguesia (1989), estampados nas manchetes de imprensa, revestem seis tubos preenchidos com fotos do período. No espaço, a memorabilia de Cazuza: escrivaninha, máquina de escrever, garrafa de uísque, cinzeiro, livros e originais dos famosos versos. Fotos e vídeos de apresentações e bastidores permitem um retorno ao tempo com atmosfera da época.

A Sala 4 | VIVA CHACRINHA! VIVA O PALHAÇO! reproduz o programa Cassino do Chacrinha, em toda sua estética. Um Chacrinha em tamanho real, criado por IA, apresenta os sucessos do Barão Vermelho e de Cazuza, reproduzidos em um vídeo wall. Duas réplicas de câmeras da época exibem vídeos raros de uma sabatina dos jurados do programa com Cazuza. O poeta exagerado era fã declarado do excêntrico e espalhafatoso tropicalista Chacrinha – inclusive defendeu o “Velho Guerreiro” de uma crítica feita por sua escritora predileta, Clarice Lispector. Fotos da época das apresentações compõem um mosaico da relação do astro televisivo com o astro do rock.

A Sala 5 | CAZUZA POR TODA PARTE repleta de fotos do Cazuza, realizadas por diferentes fotógrafos ao longo de sua meteórica carreira, refletem infinitamente a imagem do poeta roqueiro através de espelhos no piso e no teto. Algumas fotos de Cazuza ganham vida, por intermédio de animação de IA, sendo possível experienciar o artista cantando trechos emblemáticos de seus versos. Sucessos como “Exagerado”, “Pro dia nascer feliz”, “Codinome Beija-flor”, entre outros, são lembrados numa mistura de presente-passado-futuro.

Uma réplica da veraneio preta que Cazuza usou no período final de sua vida, para passear pelo Rio de Janeiro com os amigos, está no meio da Sala 6 | CARAVANA DO DELÍRIO.  Projeções no piso da galeria, reproduzindo ruas e calçadas cariocas, trazem o movimento dessa viagem. A caravana guarda o acervo de Cazuza e uma reprodução do álbum de fotos de Lucinha Araujo com imagens raras do poeta na fase das internações hospitalares, nos EUA, e sua luta contra a aids. Nas paredes da sala, há fotografias de pessoas que conviveram com o amado Caju. Vídeos com imagens raras de Cazuza em casa, comemorando aniversário com amigos, trazem ainda mais emoção ao ambiente.

A Sala 7 | O TEMPO NÃO PARA remete ao Canecão, a casa de shows que escreveu a história da música popular brasileira. Uma holografia de Cazuza em tamanho real, cantando trechos de seus maiores sucessos, permite a experimentar sensação de assistir ao último show do poeta ao vivo. Uma réplica do camarim do Canecão com objetos pessoais, figurinos e vídeos de Cazuza, amigos e familiares nos bastidores, revelam a intimidade do artista na fase final de sua carreira. No corredor, entre o camarim e o palco, será possível ouvir o público na plateia clamando por Cazuza.

Na Sala 8 | NA MÍDIA DA NOVIDADE MÉDIA a imagem de Cazuza se multiplica em diversos trabalhos apresentados na mídia: videoclipes, filmes de ficção, novelas e programas de TV. A exibição de vídeos é realizada nas vitrines de lugares icônicos da cidade do Rio Janeiro, frequentados por Cazuza, na década de 1980: Galeria Alaska, Pizzaria Guanabara e Barbarella. Será possível assistir, por exemplo, videoclipes exibidos no programa dominical Fantástico como Um trem para as estrelas, com Gilberto Gil, ou a participação de Cazuza cantando “Luz Negra” (Nelson Cavaquinho), ao lado de Tony Costa e Zé Luis, no programa Chico & Caetano (1986).

A Sala 9 | EU ANDO MUITO BEM ACOMPANHADO é um ponto de encontro que lembra os bares do Baixo Leblon, no Rio de Janeiro, como a Pizzaria Guanabara, frequentada nas madrugadas de boemia por Cazuza e seus amigos. Nas pontas das mesas, dispostas no espaço, monitores de TV exibem vídeos de amigos contando suas histórias, curiosidades e saudades de Cazuza. Ao todo são mais 80 depoimentos exclusivos captados para a exposição. No mesmo espaço é possível acessar uma playlist de artistas de diferentes gerações que regravaram o repertório musical de Cazuza. Nesta última sala da exposição, há um palco para pocket shows, que serão programados ao longo da temporada da exposição. Além de fotos e da reprodução de trabalhos realizados a partir da obra de Cazuza, após sua partida precoce.

Reviver a história de Cazuza na Exposição CAZUZA – EXAGERADO é compreender sua trajetória pessoal e profissional, e, ainda, reconhecer a sua importância na luta contra a aids no Brasil. Ao tornar pública sua sorologia positiva para hiv/aids, o poeta abriu uma brecha no tempo, permitindo que pudéssemos conversar sobre o assunto, sem medo ou vergonha. Cazuza é gigante – e isso enche de orgulho não só Lucinha, mas a todos nós que admiramos sua força de vida e sua obra infinita.

Hoje e sempre, Viva Cazuza!

Texto de Ramon Nunes Mello
Curador da exposição

Para mais informações sobre a exposição e download de fotos e imagens, acesse

midiorama.com/exposicao-cazuza-exagerado-estreia-12-de-junho-no-rio-e-inicia-venda-de-ingressos

 


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