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Por que ‘New Rules’ é tão importante na música pop atual?


A faixa mostra a representatividade das mulheres em um hino feminista e pop

O álbum “Dua Lipa” foi lançado em junho desse ano, após muitos adiamentos. Era mais do que esperado pelos fãs da cantora que já emplacava hits como “Hotter Than Hell”, “Be The One” e “Blow Your Mind (Mwah)”. Mais da metade das músicas que entraram na coletânea já eram conhecidas pelos fãs, mas entre as novas “New Rules” se destacou, e, é claro, virou single. Depois de algum tempo do seu lançamento, a faixa continua crescendo nos charts mundiais.

Esse não será só mais um texto sobre o sucesso que a faixa “New Rules” da inglesa Dua Lipa tem conseguido pelo mundo todo, mas é válido destacar alguns números com a finalidade de embasar o que discutiremos a seguir. No momento que escrevo esse texto, ela ocupa o 7º lugar da playlist “Global Top 50” do Spotify. E se encontra em 2º lugar do Itunes UK, sendo ultrapassada somente pelo lançamento de retorno de P!nk, “What About Us”, e deixando o sucesso “Despacito”, que ninguém aguenta mais, para trás. Ela também entrou para o Billboard 100, e tem quebrado os próprios recordes. O videoclipe da canção ultrapassou os 100 milhões de views pouco mais de um mês após seu lançamento.

Mas qual é a mensagem por trás dessa música? A letra conta a história de um relacionamento que já não anda muito bem, mas mesmo assim a mulher volta para isso. É quando ela cria “novas regras” para ela mesma seguir e não repetir os mesmos erros.

O videoclipe da canção vem para ampliar ainda mais os significados existentes. No vídeo vemos mulheres de corpos, cabelos, cores, e personalidades muito diferentes. Mas elas tem o “ser mulher” em comum, e por isso se entendem e apoiam num momento que todas ali já viveram possivelmente. Pura sororidade! Essa palavra é quase um trava-línguas, mas muito disseminada dentro do movimento feminista. Segundo o dicionário significa “a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum”.

Acredito que no clipe da Dua Lipa foram colocadas mulheres diversas de uma forma muito diferente do clipe mais recente da Mallu Magalhães, por exemplo. Em New Rules não se sexualiza o corpo negro, muito pelo contrário, a diversidade ali é humanizada de forma que conseguimos entender que basta ser mulher para passar pelas dificuldades expostas no clipe e que claramente todas elas se ajudam a superar e a se valorizar. A diversidade está presente não para ser pano de fundo, mas sim para mostrar que somos todas mulheres e que estamos juntas.

– Letícia Nunes, 23 anos, mulher negra, feminista.

A própria Dua já foi colocada em competições com as também ascendentes Zara Larsson e Bebe Rexha. Mas ela já deixou claro algumas vezes o quanto repudia esse tipo de coisa, e que é a união que faz crescer e evoluir. São novos tempos para as mulheres na sociedade e na música pop também. Lembro do discurso de Madonna no Billboard Women in Music 2016, onde a grande cantora contou um pouco de suas vivências como mulher na indústria. Muitas dessas coisas nunca chegam ao público, e não conseguimos imaginar que além dessas mulheres serem tão grandes nos palcos, também passam por momentos muito difíceis fora deles. A resistência significa sobrevivência e traz a possibilidade da arte ser cada vez mais verdadeira e autoral.

A construção (do videoclipe) é bem bonita e com uma mensagem super válida. É legal ver representações de sororidade, essa palavra que agora está cada vez mais na moda (e como todo modismo acaba se esvaziando), que fogem do lugar comum, do óbvio.

– Ana Cristina, mulher, 20 anos, feminista.

É importante falar que o ano de 2017 não tem sido muito bom para as mulheres na música. Os homens têm dominado as paradas por alguns meses, mas Dua está mudando esse quadro. Isso se torna mais do que “números de sucesso” quando uma mensagem tão poderosa tem visibilidade e alcança o maior número de pessoas. As mulheres são as mais beneficiadas, mas é importante que os homens vejam esse movimento e também o entendam.

Todo mundo gosta de um bom hino feminista, mas pra nós, mulheres, isso é muito mais importante. É representativo. A gente quer compartilhar com as amigas um videoclipe que mostra sororidade de uma forma tão natural sobre uma música que mais parece uma conversa por telefone entre nós. A gente quer vibrar com o sucesso de uma mulher (e, quem sabe, o sucesso de mais de uma mulher) em um ano dominado por homens. Essa semana mostrei o vídeo de “New Rules” pra minha irmã mais nova e hoje ela está viciada, não só porque a música é boa, mas porque ela significa algo, e isso é muito mais importante do que ver sua diva pisar em outra.

– Nathalia Accioly, 20 anos, mulher, blogueira de cultura pop, feminista. 

A arte tem esse poder de nos maravilhar e entender coisas e conceitos de forma simples. Vivemos nessa sociedade machista que nos doutrina desde pequenos a oprimir a mulher. Lembro que não muito tempo atrás esses pensamentos machistas eram presentes em mim. Só fui aprender sobre como essas convenções da sociedade são prejudiciais na Universidade. E essa é a realidade de poucos, pois muitos nem na Universidade chegarão. Então vale destacar, mais uma vez, a importância de um tema como esse alcançar o mainstream e assim atingir o maior número de pessoas. O chamado pop with purpose chegou, e tomara que fique. A gente pode dançar muito ao som de “New Rules” e ainda assim ter uma aula de respeito às mulheres, irmandade, e claro, como superar um ex.

Por Maze


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