Considerado um sopro de renovação dentro do cenário da música clássica atual, celebrado por circular com desenvoltura entre vários gêneros musicais e por adicionar elementos do jazz e da música contemporânea ao clássico, o quarteto francês Quatuor Ebène está de volta aos palcos cariocas. No dia 16 de maio, os violinistas Pierre Colombet e Gabriel Le Magadure, o violista Adrien Boisseau e o violoncelista Raphaël Merlin sobem ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro como segunda atração da temporada 2016 da Série Dell’Arte Concertos Internacionais.

Embora circule com desenvoltura entre a música de concerto mais tradicional e novas e vibrantes linguagens musicais – no ano passado lançaram um álbum dedicado à música nacional chamado Brazil, com um repertório de bossa nova e samba com canções de Ary Barroso, Tom Jobim e Hermeto Paschoal, entre outros –  o grupo escolheu, para esta noite, uma programação voltada para o repertório clássico, com peças de Haydn, Debussy e Beethoven.

Já consagrada como um dos principais eventos de música clássica do país, a Série Dell’Arte Concertos Internacionais, patrocinada pela Bradesco Seguros, chega em 2016 à 23ª edição, trazendo mais uma vez para o público carioca atrações internacionais selecionadas entre alguns dos principais expoentes da cena erudita internacional – serão oito concertos entre os meses de abril e novembro.

Um dos mais importantes eventos do gênero no país, a Série Dell’Arte Concertos Internacionais 2016 faz parte do Circuito Cultural Bradesco Seguros, que patrocina a Série desde 1998. O Circuito apresenta para o público brasileiro um calendário diversificado de eventos artísticos com espetáculos nacionais e internacionais de grande sucesso, em diferentes áreas culturais, como dança, música erudita, artes plásticas, teatro, concertos de música, exposições literárias e grandes musicais.

Quatuor Ebène

Pierre Colombet, violino

Gabriel Le Magadure, violino

Adrien Boisseau, viola

Raphaël Merlin, violoncelo

“Um quarteto de cordas que poderia facilmente metamorfosear-se em uma banda de jazz” — assim The New York Times referiu-se a um concerto do Quatuor Ebène, em 2009. O conjunto abriu com Debussy e Haydn e, em seguida, com o mesmo entusiasmo e paixão, improvisou sobre um tema de filme.

O que começou em 1999 como um divertimento para os quatro jovens músicos franceses nas salas de ensaio da universidade, transformou-se em uma marca registrada do Quatuor Ebène e deu origem a duradouros desdobramentos no cenário musical. Os quatro músicos trouxeram um novo alento à música de câmara, através de uma perspectiva direta e aberta das obras. Independentemente do gênero, eles abordam a música com reverência: trocam estilos com extremo bom gosto, permanecendo fiéis a eles mesmos, com toda a paixão que sentem por cada peça que levam ao palco e ao público, de uma maneira direta e autêntica.

Não há uma palavra que possa definir o estilo do conjunto: eles criaram um que lhes é peculiar. Seu repertório tradicional não é afetado pelo engajamento dos músicos em outros gêneros, pelo contrário: sua associação livre com diversos estilos traz um estímulo produtivo a sua música.

Após estudos com o Quatuor Ysaÿe em Paris e com Gábor Takács, Eberhard Feltz e György Kurtág, o quarteto obteve uma vitória sem precedentes no Concurso de Música ARD de 2004. O fato assinalou o início da ascensão dos jovens músicos, levando-os à obtenção de numerosos prêmios e medalhas.

Os concertos do quarteto são marcados por execuções carismáticas, um enfoque renovador da tradição e principalmente pela abertura a novas formas, que fez com que os músicos conseguissem atingir um amplo público jovem. Eles transmitem seu conhecimento em “máster classes” regulares no Conservatório de Paris e na Colburn School de Los Angeles.

Em 2005, o conjunto conquistou o Prêmio Belmont da Fundação Forberg Schneider. Desde então a instituição vem trabalhando em estreita colaboração com os músicos, possibilitando-lhes a utilização de antigos instrumentos de coleções privadas, que simplesmente não têm preço.

O CD de estreia do Quatuor Ebène, com obras de Haydn, recebeu louvação unânime dos críticos. Registros posteriores da música de Bartók, Debussy, Mozart, Fauré e Mendelssohn valeram-lhe numerosos prêmios, entre eles o Gramophone, o ECHO Klassik, o da BBC Music Magazine e o Prêmio Clássico Midern.

Fiction, seu álbum de 2010 e o DVD correspondente, uma gravação ao vivo de arranjos de jazz, só veio solidificar sua posição única no cenário da música de câmara. Seu segundo CD “crossover”, Brazil, uma colaboração com Stacey Kent, foi lançado no início de 2014. No mesmo ano, a Erato colocava no mercado A 90th Birthday Celebration, um registro ao vivo (em CD e DVD) da comemoração do concerto de aniversário de Menahem Pressler com o Quatuor Ebène em Paris.

O repertório clássico para quarteto de cordas se mantém como pedra fundamental da formação: nesta temporada, o Quatuor Ebène focará os Quartetos de Cordas Op. 95 e 127 de Beethoven.

O conjunto conquistou o Prêmio de Residência no Festival Mecklenburg Vorpommern, no verão de 2015.

Programa

Franz Joseph Haydn

Quarteto de Cordas em Dó maior, op. 20, nº 2 (Hob.III.32)

Moderato

Capriccio – Adagio

Menuet: Allegro – Trio

Fuga a Quattro Soggeti: Allegro

Claude Debussy

Quarteto de Cordas em Sol menor, op. 10

Animé et très décidé

Assez vif et bien rythmé

Andantino, doucement expressif

Très modéré – Très mouvementé et avec passion

INTERVALO

Ludwig van Beethoven

Quarteto de Cordas nº 12 em Mi bemol maior, op. 130 com “Grosse Fuge”, op. 133

Adagio, ma non troppo – Allegro

Presto

Andante con moto, ma non troppo

Alla danza tedesca. Allegro assai

Cavatina. Adagio molto expressivo

Grosse Fuge – Overture. Allegro – Meno mosso e moderato – Allegro molto e con brio

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