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RESENHA | As consequências de um mundo perfeito em ‘O Ceifador’


Confira os pontos altos do Ceifador que passa por suspense, terror e drama

É muito fácil e simples se envolver com toda a trama criada por Neal Shusterman em “O Ceifador”, primeiro livro da série “Scythe” e publicado recentemente no Brasil pela Editora Seguinte, selo jovem da Companhia das Letras.

A humanidade conseguiu vencer todas as barreiras possíveis, até mesmo a morte. Mas esse universo utópico não é perfeito e feliz, visto que o crescimento populacional só pode ser solucionado de uma maneira um tanto que sombria: matando pessoas. O encargo dessa responsabilidade mórbida fica por conta da Ceifa e dos seus ceifadores, no qual os protagonistas Citra e Rowan não querem fazer parte. Ambos são adolescentes comuns e de vidas estagnadas e pacatas, mas os destinos dos dois encontram uma imensa reviravolta quando se tornam aprendizes de Ceifadores.

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Capa de “O Ceifador”. publicado no Brasil pela Editora Seguinte.

A história complexa criada por Neal Shusterman acaba por se tornar rápida de ler, ao alternar os pontos de vista dos protagonistas – oferecendo uma visão mais ampla dos fatos. Há um bom equilíbrio de suspense, terror e drama ao longo de 400 páginas, que passam voando.

Não é preciso muito mais que duas páginas para o livro despertar curiosidade. Mesmo que o enredo se desenvolva de forma veloz, não demorando muito para dar explicações e esclarecendo dúvidas. Há também espaço para realizar reflexões sobre o ser humano. Quais são nossos limites? O que somos capazes de fazer para colocar em prática nossos ideais?

A grande sacada da história fica por conta justamente da possibilidade de reflexão. Isso ocorre em grande parte nas páginas extraídas dos diários dos ceifadores.  Seus dilemas, tristezas, alegrias e opiniões dão todo o clima da trama. Ora esclarecem acontecimentos do passado e do presente, ora dão dicas do que está por vir.

“Deve-se saber que temos sentimentos. Remorso. Arrependimento. Sofrimentos grandes demais para suportarmos. Porque, se não sentíssemos nada, que espécie de monstros seríamos?” – Do diário de coleta da ceifadora Curie.

O ponto alto de uma boa distopia, como “O Ceifador” é justamente relacionar possibilidades com a nossa realidade, estabelecendo parâmetros de comparações, questionamentos e pensamentos quanto ao nosso futuro. Não dá para saber realmente o que vai acontecer em duzentos, trezentos anos, mas é possível sonhar. Mas não necessariamente todos os sonhos são bons.

Por Maze


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