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Review: Something To Tell You – HAIM


O trio de irmãs californiana está de volta aos holofotes com o disco ‘Something To Tell You’

Os mais antenados nos lançamentos musicais já não aguentavam mais o hiatus do trio californiano HAIM. As três irmãs, Este, Allana e Danielle lançaram seu segundo álbum de inéditas ”Something To Tell You” (2017), desde o aclamado ”Days are Gone” (2013).

Parece que viagens ao redor do mundo, entrevistas, uma rede de network invejável e a responsabilidade de aquecer o público para ninguém menos que Taylor Swift na 1989 Tour, não intimidara de maneira alguma as meninas do HAIM, pelo contrário, a intensidade com que o showbiz assusta alguns artistas e bandas, até de forma destrutiva e atmosférica, cai por terra quando falamos de um trio de irmãs unidas por um ideal desde crianças.

O trio californiano felizmente é blindado de qualquer tipo de manipulação, pressão ou ansiedade decorrente das exigências da indústria da música. Essa maturidade e blindagem diante do mundo dos contratos, chantagens e ademais subserviências, se dá porque a música sempre esteve presente na vida do trio. Antes mesmo do estrelato e aparições nos maiores festivais de músicas e programas de TV, as HAIM já treinavam seus dotes musicais com instrumentos dados de presente pelo pai, na aconchegante mansão em San Fernando Valley, na Califórnia. O pai, certamente, é o primeiro e maior influenciador da carreira das filhas.

As integrantes contam, que era um costume familiar ouvir clássicos do rock da década de 60 e 70, em festas e viagens. Nomes emblemáticos do tipo Sly & The Family Stone (banda de Funk Rock), Talkin Heads (banda de Punk/new Wave), Gipsy Kings (banda de Flamenco!) e Prince (Rock, Soul, Jazz) sempre estiveram presentes nas playlists da família. E como forma de homenagear as memórias afetivas que acompanha-nas até os dias de hoje, as irmãs decidiram aproximar a sonoridade para algo nostálgico, algo que de fato tivesse a personalidade da banda, algo que elas se identificassem como artistas. Ou seja, são experiências (profissionais e de relacionamentos) dos últimos quatro anos, memórias da adolescência e influência de outros ídolos como Eagles, Fletwood Mac, Pet Shop Boys, reunidas em um único registro.

Seguindo a disciplina e cobrança interna do trabalho antecessor que só foi distribuído sete anos depois de idealizado, ”Something To Tell You” (2017) era para ter sido lançado no outono passado. No entanto, como escrito, a pressa é a inimiga da perfeição. O trio queria exprimir o máximo possível de sonoridades, instrumentos e inspiração.

O processo de produção mesmo parecendo árduo acabou se tornando algo descontraído e amistoso. As infinitas tomadas e demos eram criadas em estúdios caseiros, onde as meninas bebiam suas bebidas favoritas, usavam camisetas estampadas com a foto de seus ídolos e além disso tudo, externamente, no life-style mais californiano de ser, ainda sobrava espaço para jantares em restaurantes na orla de Malibu e conselhos e tietagem de gente como Stevie Nicks! (Fletwood Mac) e Paul Anderson! (renomado cineasta).

Liricamente, ”Something To Tell You” (2017) fala sobre relações conturbadas e indecisas, insegurança, ânsia de liberdade, solidão, recusa, carência e auto suficiência. Constantes presentes na vida de todas as pessoas. Essa equalização de sentimentos são apresentadas ao longo do álbum, seja de forma  remetendo ao Rock oitentista (”Nothing’s Wrong”, ”Kept me Crying”) ou dançante e sensual flertando com o Country, Funk e R&B adulto (”Ready for You”, ”You Never Knew”, ”Found It in Silence”, ”Walking Away”) – sem hesitar de sintetizadores, dedilhadas no contra-baixo, ecos no microfone e viradas de bateria.

 Produzido pelo já parceiro e amigo íntimo do trio, Ariel Retchshaid, responsável pelo debut da banda, o registro conta também com a participação do produtor Rostam Batmanglij (Vampire Weekend), nos mostrando a vertente de um HAIM experimentalista, autoral, vintage e fiel as tradicionalidades da musica californiana da melhor qualidade. A banda que muito precocemente assumiu uma posição de destaque, ressaltara para o público e também para os críticos especializados com esse álbum, sua importância num cenário medíocre e precisado de autenticidade.

Por Felippe da Costa do On Backstage


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