Perdemos Cássia Eller. A notícia chocou o Brasil inteiro no dia 29 de dezembro de 2001. Foi um baque para todas as gerações – de crianças a adultos – que ouviam suas músicas e CDs tocando nas rádios e no carro diariamente. Foi um susto para os jovens, que cantavam “Malandragem” a plenos pulmões, como quem se identifica com a música (mesmo talvez não entendendo tanto assim a profundidade de sua letra) e para os mais velhos, que ouviam a mesma canção, entendendo exatamente o que ela queria dizer.
Foi uma perda sem tamanho para a música brasileira, mas não ficamos órfãos. Ficamos bem cuidados por seu legado e suas canções que hoje já não tocam mais nas rádios, mas ainda estão presentes em nossas playlists. E não só suas músicas, mas a figura de Cássia Eller, com sua personalidade forte e segurança, também nos preenche de certa forma.
As imagens acima aconteceram no Rock in Rio 2001, quando a cantora, sem que ninguém esperasse, levantou a camisa e mostrou os seios para o público presente – cerca de 200 mil pessoas. Apesar de chocar alguns com esse lado irreverente, sua amiga Lan Lan garante: Cássia era uma pessoa muito doce fora dos palcos.
O show completo do RIR 2001 ainda conquistou artistas internacionais: Dave Ghrol ficou impressionado com a performance da brasileira e a convidou para abrir os shows de sua banda, o Foo Fighters (o que, infelizmente, não chegou a acontecer). Mas sua apresentação continuou sendo tão marcante que, em 2006, foi lançada no CD e DVD póstumo Rock in Rio: Cássia Eller Ao Vivo.
Mas o evento foi apenas uma pequena parte de sua carreira. Cássia teve uma longa e bem-sucedida caminhada. O interesse pela música começou quando a cantora ganhou seu primeiro violão, aos 14 anos, enquanto ainda era Cássia Rejane Eller. Depois disso – acreditem –, a artista passou por corais, trabalhou como corista em duas óperas, cantou em um grupo de forró, fez parte do primeiro trio elétrico de Brasília e tocou surdo em um grupo de samba, até se transformar na saudosa Cássia Eller, que marcou nossas vidas e nos fez, mais do que escutar, sentir suas canções. Ou a nostalgia nunca te dominou ao ouvir “Por Enquanto”?
Cássia também foi a musa inspiradora de Nando Reis. A dona do All Star azul, que morava no 12° andar de um prédio nas Laranjeiras, ficou eternizada na canção do amigo, “All Star” (como se precisasse disso para ninguém esquecê-la), e também gravou sua própria versão da música. E esta não é a única composição que Nando fez para a amiga ou que ela regravou: “O Segundo Sol”, “Luz dos Olhos”, “E.C.T” (escrita também por Marisa Monte e Carlinhos Brown) e “Relicário”, entre outras tantas, foram escritas pelo parceiro musical.
Não foi apenas Nando Reis que emprestou suas letras brilhantes para a voz, não menos brilhante, de Cássia Eller. Renato Russo, Cazuza, Frejat, Moraes Moreira e muitos outros nos agraciaram com esta combinação especial entre suas letras e a interpretação da cantora.
Mas havia também quem inspirasse Cássia. E, para isso, basta ver o clipe abaixo e sentir o amor que transborda dele. O registro conta com a presença de Chicão, filho da cantora, e Maria Eugênia, sua companheira (que ficou com a guarda de seu filho, que hoje já tem mais de 20 anos).
Foram oito álbuns lançados em vida, além dos DVDs, como o Acústico MTV, que vendeu mais de 250 mil cópias alcançando a marca de DVD de Diamante. Mesmo após sua morte, ainda pudemos nos deliciar com suas canções e comemorar o lançamento de novos álbuns, como por exemplo, Dez de Dezembro, lançado em 2002 (um ano após sua morte), por Nando Reis, e Do Lado do Avesso, desenvolvido pela gravadora Universal Music no ano em que a cantora comemoraria seu 50° aniversário.
Hoje, só nos resta agradecer por termos ouvido a voz e curtido o som dessa cantora que fez história na música brasileira.
Por Isadora Ancora





























